Política ENTREVISTA

Não posso colocar a Prefeitura em xeque para eleger presidente da Câmara, diz o prefeito eleito

À Manchester FM/DM Anápolis, prefeito eleito disse também que não pretende nomear vereador como secretário

31/10/2024 11h30
Por: Orisvaldo Pires
Foto: Reprodução
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O prefeito eleito de Anápolis, empresário Márcio Corrêa (PL), foi entrevistado por 54 minutos, na manhã desta quarta-feira, 30, na Manchester FM/DM Anápolis, pelos âncoras Serleyser Araújo, Lucivan Machado, Fernanda Morais e Carlos Antônio. Oportunidade em que falou sobre os aspectos político e administrativo que devem envolver sua gestão, que começa oficialmente em 1º de janeiro de 2025. Nesta edição você acompanha a primeira parte da entrevista, com foco nos temas políticos. Na edição de sexta-feira, 1º, será publicada a segunda parte, com as respostas de Márcio Corrêa sobre as questões administrativas. 

A formatação de sua base de apoio e a eleição da Câmara, como é que o senhor vai trabalhar isso?

Quero primeiro conversar com todos os vereadores eleitos, entender o sentimento de cada um. É importante a gente ter uma convergência lá [na Câmara] no sentido de colocar em prática aquilo que nós propomos nos nossos programas. Mas também manter a independência entre o legislativo e o executivo. E a questão da presidência da Câmara, cada um tem que se viabilizar, no meu ponto de vista. Eu não posso colocar a Prefeitura em xeque para eleger presidente da Câmara. Quem se viabilizar vai ter meu apoio. Sei que a gente pode encontrar percalços aí no meio do caminho durante a gestão, mas eu preciso tocar os desafios que nós temos no âmbito executivo e legislativo. Cada um agora vai ter que fazer o seu trabalho e se viabilizar. Lá na reta final, no afunilamento, pode até ter o apoio nosso.

O prefeito eleito tem algum indicado, algum preferido ou não?

Por enquanto não. Pode até ser que eu tenha em breve, ou não também. Mas vamos ver quem vai se viabilizar. Às vezes quem vai se viabilizar tem a nossa simpatia. Quem for mais competente, habilidoso e articulado será o presidente da Câmara.

O senhor vai chamar vereador para ser secretário?

Não tem isso e não está dentro dos nossos planos, tirar o vereador eleito para ser secretário. Não quer dizer que isso não possa mudar até essa nomeação, mas eu acredito que os vereadores eleitos vão exercer o mandato de vereador.

Hoje o senhor conta com quantos vereadores na base?

Nossa base eleitoral elegeu nove vereadores. Já conversamos e dialogamos com mais seis vereadores, se não me engano. Mas tudo tem que ter uma conversa de alinhamento para a gestão. Nós não tivemos essa conversa. Então, assim, agora é o momento oportuno para isso, teremos tempo para isso, para tomar essas definições.

O senhor acredita que é possível ter um presidente que seja do mesmo partido do prefeito?

É legítimo do PL buscar. Agora cabe a competência, habilidade e articulação deles. É totalmente legítimo isso aí. Tem que conversar com os pares lá e conversar e buscar essa viabilidade. Então, acho que é totalmente legítimo, cabe o poder de articulação de trabalho dos candidatos vereadores.

Em relação à equipe de transição. Já tem preparada a sua equipe?

Sim, eu acho que hoje até amanhã pela manhã eu indico os nomes que serão nomeados, um na área de finanças, na área econômica do município, outro na área administrativa. E outro na área da controladoria. Depois a gente cria as subcomissões temáticas em cada área, através dos dados, buscar as estratégias para a gente iniciar o mandato. O importante agora é a gente manter os serviços essenciais, compreender os contratos que estão finalizando agora dia 21 de dezembro, ver se algum dele é para serviço essencial, que não pode parar.

Em relação ao atual prefeito, Roberto Naves, e com Antônio Gomide. O que espera da postura deles?

Na verdade, eu tenho que pensar o que eu espero de mim. O discurso do Antônio Gomide foi pacífico, assim como o meu. Acabou o processo eleitoral, agora é hora de pensar para frente. O posicionamento deles vai depender muito da nossa gestão. Entendendo que os dois têm projetos futuros políticos e o posicionamento deles também vai fazer parte da estratégia política de cada um. E faz parte do processo político, a gente entende isso de uma forma muito natural e tranquila.

[Dedicação do tempo para o mandato]

Eu me sinto que estou doando meu tempo, de verdade. Ontem já pedi o desligamento. Eu tenho vários CNPJ que sou administrador de empreendimentos, tenho funcionários.  Pedi desligamento de todos. Sai de minhas empresas, cada um que gosta dessa cidade, precisa fazer a sua parte.

Vai criar ou recriar a Secretaria de Esportes?

Vamos. Eu gosto do formato que está o organograma hoje, mas aquilo que nós prometemos, vamos cumprir. Tem um anseio dos esportistas. Vamos revitalizar os espaços esportivos da cidade, fazer convênio com as escolinhas, com as academias, para que a gente possa dar oportunidade para todos praticarem esportes, integrar as secretarias, investir no futebol de base. 

Tem previsão de criar outras secretarias ou cortar?

Vamos pegar agora esses dados do município. Hoje nós temos um déficit do município de R$ 50 milhões desse mês. Vamos ver se tem alguma coisa maquiada na contabilidade ou não. A gente precisa entender a situação fiscal do município e tomar os caminhos. E quero aqui deixar a informação de que o nosso secretariado será técnico.

Já tem algum nome definido?

Ainda não.

Vai ter dificuldade para isso?

Não. Só citei dois critérios: técnico e disponibilidade de tempo. Gosto muito de trabalhar e trabalho muito. Preciso que o secretariado me acompanhe. Então não tem jeito de ter secretário de meio expediente, secretário que toca outra atividade, secretário que mora fora. Nós não vamos permitir isso. O Tancredo [Neves] dizia que governar é arte delegar. Tem que delegar e cobrar resultado. Agora, se eu for ter que cuidar de tudo, já começou errado a minha gestão. A gente tem que ter pessoas preparadas tecnicamente, cada um para a sua área. A maioria, não sei todos, mas grande parte vai ser afirmado com pessoas aqui de Anápolis, que conhecem a realidade da cidade. 

[Corte de cargos comissionados]

O que a gente não pode fazer, e nós não vamos fazer, é cabide de emprego. Vamos ter um corte significante de comissionados na Prefeitura, eu acho que pelo menos 50% de corte. Sei que vou ter minhas dificuldades frente ao Legislativo. Mas é hora de pensar na cidade e no cidadão. Eu já tenho números preocupantes em relação à situação fiscal. Hoje temos empréstimos que vão começar a cair a prestação agora, que tinham a carência, empréstimos que foram feitos, de obras aí, várias obras. Não posso encher a prefeitura de comissionados e comprometer a folha do servidor efetivo. 50% dos cargos de estrutura serão de profissionais efetivos, cargos de gerência e diretoria.

A sua equipe de transição vai pedir ao prefeito atual que exonere todos os comissionados?

Primeiro, vou conversar com o prefeito, para entender o que é a situação fiscal. Isso cabe mais ao prefeito, se ele vai exonerar todos os cargos, mas temos que entender o que é serviço essencial que depende do comissionado, que a gente precisa que mantenha, para manter o serviço para o cidadão e aquilo que não é serviço essencial.

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