Gritos, choro e objetos jogados no chão são reações comuns no início da infância. A birra, embora desconfortável, é uma forma legítima de expressão emocional, especialmente entre 1 e 4 anos. É nessa fase, chamada por especialistas de “adolescência do bebê”, que a criança começa a desenvolver sua identidade e autonomia, mas ainda não sabe lidar com frustrações ou expressar o que sente com clareza.
Segundo Jacqueline de Freitas Cappellano, coordenadora pedagógica da Escola Internacional de Alphaville, birras geralmente surgem diante da raiva, cansaço, fome ou negação de um desejo. “A criança se expressa com o corpo porque ainda não tem ferramentas para lidar com essas sensações. O ‘não’ é testado constantemente”, explica. Para ela, é fundamental que o adulto responda com escuta, empatia e limites consistentes.
No entanto, ceder à birra pode reforçar o comportamento. Caroline Sternberg, alerta: “Quando o adulto cede, mostra que o comportamento funciona, o que estimula sua repetição. ” Ela recomenda levar a criança a um local mais reservado, nomear os sentimentos e manter a calma. “É possível acolher sem ceder: ‘Entendo que você queira esse brinquedo, mas hoje não vamos levá-lo’”, exemplifica. Punir, gritar ou bater não ensina a criança a se autorregular. Pelo contrário, pode gerar medo e insegurança. “O adulto precisa ser porto seguro. Violência só piora a confusão emocional que ela já sente”, reforça Caroline.
Outro desafio comum é lidar com o julgamento social quando a birra ocorre em público. Audrey Taguti, afirma que o mais importante é manter o foco na criança: “Educar é mais importante do que atender a expectativas alheias. ”
Embora a birra faça parte do desenvolvimento, rotinas previsíveis, sono em dia e espaço para a criança expressar sentimentos ajudam a reduzir sua frequência. Renata Alonso, da Escola Bilíngue Aubrick, lembra: “Criança que se sente ouvida tende a usar menos a birra para se comunicar". Se os episódios forem muito frequentes ou intensos, o ideal é buscar apoio especializado.