Apesar de ser frequentemente ignorado por causa da pressa, da ausência de apetite ou do desejo de dormir um pouco mais, o café da manhã exerce um papel essencial no equilíbrio alimentar e na disposição ao longo do dia. Especialistas em saúde destacam os benefícios dessa refeição e oferecem estratégias para torná-la viável mesmo nas rotinas mais aceleradas.
Iniciar o dia sem comer pode parecer uma decisão inofensiva, mas os reflexos dessa escolha vão além da fome momentânea. De acordo com Rosicler Dennanni Rodriguez, nutricionista e integrante da Câmara Técnica do Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (CRN-3), o café da manhã é responsável por romper o jejum noturno e fornecer os primeiros nutrientes do dia, o que impacta diretamente no apetite, na energia e até no humor.
“Pular essa refeição pode resultar em episódios de fome intensa no fim do dia, escolhas alimentares desequilibradas, compulsão e até sintomas físicos, como dor de cabeça, irritabilidade e queda de pressão”, alerta a nutricionista. Ela explica que o descontrole glicêmico, comum em quem negligencia essa etapa da alimentação, também é um fator de preocupação.
Entre os principais benefícios de um café da manhã balanceado estão a regulação do apetite, a melhora na concentração e disposição, além da promoção de escolhas alimentares mais conscientes ao longo do dia. Para alcançar esse equilíbrio, Rodriguez recomenda que a refeição inclua uma fonte de proteína (como ovos, iogurte ou tofu), um carboidrato (como aveia, pão integral ou cuscuz), frutas ou legumes, e, se possível, uma gordura boa, como castanhas ou sementes.
Já o nutrólogo Daniel Magnoni, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, reforça que o momento não deve ser encarado como um sacrifício. “O café da manhã tem que ser prazeroso, respeitando a realidade prática de cada pessoa. O importante é que ele exista, mesmo que adaptado.”
Para quem não sente fome ao acordar, os especialistas sugerem uma abordagem gradual. "Não é necessário comer imediatamente. Realizar outras tarefas primeiro, como tomar banho ou organizar o dia, pode ajudar o sistema digestivo a despertar", orienta Rodriguez. A hidratação matinal, com água ou chás leves, também contribui para estimular o apetite.
Outra dica importante é o planejamento. Deixar frutas cortadas, ovos cozidos ou iogurtes naturais prontos na geladeira pode facilitar a rotina. “Não precisa ser uma refeição completa. Comece com pequenas porções, como meia banana ou um pedaço de pão”, recomenda a nutricionista.
E para quem realmente não consegue comer em casa, a alternativa é levar algo prático e nutritivo para consumir ao longo da manhã, como um lanche natural ou uma salada de frutas. “O pior cenário é ficar em jejum até o almoço. O ideal é adaptar o café da manhã ao seu estilo de vida”, reforça Magnoni.
Ainda que existam estratégias alimentares que envolvam o jejum intermitente, os especialistas ressaltam que a decisão de não realizar o desjejum deve ser tomada com orientação profissional. “É preciso considerar a rotina, as necessidades nutricionais e o histórico de saúde da pessoa. Não é algo que se deve fazer por conta própria”, conclui Rodriguez.