Em Anápolis, as mulheres estão adiando cada vez mais o momento da maternidade. Dados dos Censos de 2010 e 2022 revelam uma queda nas taxas de fecundidade entre jovens e um crescimento expressivo entre mulheres acima dos 30 anos. Essa mudança acompanha a tendência estadual e nacional de elevação da idade média da fecundidade, que em Goiás passou de 26 para 27,8 anos – o segundo maior aumento do país.
Em 2010, a maioria dos nascimentos registrados em Anápolis ocorreu entre mulheres de 25 a 29 anos (1.399 filhos), seguido pelas de 20 a 24 anos (1.364). Já em 2022, embora a faixa dos 25 a 29 anos ainda concentre o maior número (1.467), percebe-se uma redistribuição significativa: o número de filhos nascidos de mães com 30 a 34 anos saltou de 819 para 1.237. Ao mesmo tempo, os nascimentos entre adolescentes de 15 a 19 anos caíram de 699 para 358 – uma redução de quase 50%.
Essa mudança é visível nos relatos de mulheres como Fabiana da Silva, de 42 anos, que se tornou mãe aos 36. “Sempre quis ser mãe, mas antes disso precisava me estabilizar profissionalmente”, conta. Já Keila Oliveira, de 43, enfrentou mais desafios ao decidir engravidar aos 42. “Foram dois anos de tentativas até alcançar a tão esperada gravidez”, relata emocionada.
Os exemplos pessoais refletem transformações mais amplas que têm se consolidado em todo o país. Segundo o Censo 2022, a idade média das mulheres na ocasião do primeiro parto subiu para 28,1 anos no Brasil. Goiás segue essa tendência com média de 27,8 anos, mas apresentou o segundo maior crescimento entre os estados, com alta de 1,8 ano em relação a 2010. Rondônia foi o único a registrar um aumento superior (1,9 ano).
Além do fator etário, a escolaridade é um dos elementos mais determinantes para o adiamento da maternidade. Em Goiás, mulheres com ensino superior têm, em média, o primeiro filho aos 30,3 anos – 3,8 anos a mais que aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (26,5 anos). No cenário nacional, essa diferença chega a 4 anos.
Essa correlação entre educação e maternidade também se manifesta na taxa de fecundidade total: mulheres com ensino superior em Goiás têm em média 1,35 filho, enquanto as com até o ensino fundamental completo têm 1,86 – um aumento de 37,5%. Embora expressivo, esse diferencial é inferior ao observado no país, onde a fecundidade entre mulheres com menor escolaridade é 59,2% maior.