Sindicato não descarta nova greve e critica 'jogo de empurra' entre Urban e Prefeitura

A diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Anápolis (Sittra) informou nesta quarta-feira (2) que uma nova greve no transporte coletivo poderá ser iniciada a qualquer momento, caso a empresa Urban Mobilidade Urbana não apresente uma contraproposta satisfatória na audiência de conciliação marcada para esta sexta-feira (4), às 14h, no Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-GO).

A sinalização ocorre após a paralisação total do sistema no último domingo (30) e da audiência realizada na terça-feira (1º), que contou com a mediação da vice-presidente do TRT, desembargadora Iara Teixeira Rios. O encontro foi suspenso para que a empresa tivesse mais tempo para se posicionar sobre a pauta de reivindicações protocolada ainda em maio.

Em entrevista ao DM Anápolis, o presidente do Sittra, Adair Rodrigues, apontou a falta de avanço nas negociações e criticou o que classificou como “jogo de empurra” entre a empresa e a Prefeitura. Segundo ele, a audiência evidenciou um impasse em que cada lado transfere a responsabilidade para o outro, dificultando a resolução do conflito. “Você aperta a empresa e ela pressiona o município. Você aperta o município e ele joga para a empresa. O sindicato está esperando uma proposta concreta, e até agora nada oficial chegou até nós”, declarou.

Rodrigues também relatou que representantes da Agência Reguladora Municipal (ARM) chegaram a apresentar, informalmente e fora do ambiente da audiência, uma proposta de reajuste de 5,32%. No entanto, o sindicato não considera válida qualquer proposta que não seja formalizada pela empresa. “Foi uma surpresa. Lá dentro, na hora, não foi apresentado nada. E o sindicato só negocia com a empresa, formalmente”, explicou.

A pauta da categoria, enviada à Urban em 12 de maio, inclui pedidos de reajuste salarial, recomposição de perdas acumuladas, melhorias nos tíquetes de alimentação, pagamento do benefício durante as férias, abono para trabalhadores assíduos, além de adicional para motoristas que também exercem a função de cobrador e auxílio para jornadas fora do horário regular. A reivindicação leva em conta, segundo o sindicato, uma sequência de perdas nas negociações dos últimos anos. O reajuste salarial, que havia sido de 11,89% em 2022/2023, caiu para 3,74% em 2023/2024 e, neste ano, foi de apenas 3,34%, sem acordo formalizado.

Durante a audiência de terça-feira, representantes da Urban teriam sinalizado que a empresa está disposta a negociar, desde que a Prefeitura regularize valores pendentes. O montante, de acordo com o presidente do sindicato, não foi detalhado, mas foi descrito como elevado.

A paralisação do dia 30, que suspendeu integralmente a circulação dos ônibus em Anápolis, não seguiu os requisitos legais previstos para serviços essenciais, conforme avaliação de especialistas ouvidos pelo DM Anápolis. Além de não ter sido comunicada com antecedência mínima de 72 horas, o movimento interrompeu 100% da frota, descumprindo decisões judiciais que determinam a operação de pelo menos 30% dos veículos nesses casos.

O Sittra afirma que a retomada do serviço no dia seguinte foi uma forma de demonstrar disposição para o diálogo, mas alerta que o esgotamento da categoria é evidente. A entidade também notificou sobre a situação órgãos como a Prefeitura, Câmara Municipal, Agência Reguladora Municipal, ACIA, CDL, sindicatos patronais e a Polícia Militar.