Ao completar os primeiros seis meses à frente do município, o prefeito Márcio Corrêa (PL) divulgou um vídeo institucional nesta terça-feira (1º) para apresentar um balanço das ações da gestão. No pronunciamento, voltou a atribuir à administração anterior a responsabilidade por uma crise financeira na cidade e argumentou que, apesar das dificuldades, estaria entregando melhorias em áreas estratégicas.
"Eu poderia aqui elencar o dia todo para vocês de tantos problemas que assumimos. Mas foi preciso coragem, mas principalmente humildade e trabalho. Para a gente enfrentar os problemas de frente e poder hoje trazer avanços e boas notícias para vocês", disse o prefeito.
A fala, com tom de prestação de contas, repete o diagnóstico inicial da gestão. Segundo o prefeito, o município teria sido entregue com mais de R$ 300 milhões em dívidas e um colapso na capacidade de investimento. Corrêa também apontou o sucateamento dos serviços públicos, desde a falta de medicamentos e merenda escolar até o acúmulo de entulho nas ruas.
Na área da Saúde, a gestão destaca como principais ações a reabertura do centro de ortopedia no Hospital Alfredo Abrão, a realização de mutirões de cirurgias eletivas e exames especializados, a abertura da Unidade 24h da Vila Norte e a ampliação do atendimento na UBS da Vila Esperança até a meia-noite. Apesar disso, unidades estratégicas seguem fechadas. A UPA da Mulher, inaugurada pela gestão anterior, ainda não foi aberta ao público sob o nome de 'UPA Central'. O mesmo ocorre com o Hospital Municipal Georges Hajjar, que segue fechado desde o início do mandato, com previsão de retomada dos atendimentos para o final do mês.
Na Educação, a prefeitura informou ter criado duas mil novas vagas na rede municipal de ensino infantil nos primeiros seis meses de gestão. Também foi anunciada a reforma de unidades escolares e a aquisição de livros didáticos sem custos para o município, por meio de parcerias com os governos estadual e federal. A administração alega ter economizado recursos com a suspensão de contratos anteriores para compra de material didático.
Nos primeiros meses do ano, a gestão enfrentou críticas pelo atraso na entrega dos uniformes e dos kits escolares, que chegaram às escolas com o ano letivo já em andamento. Também ocorreu questionamentos sobre o cumprimento da meta de criação de vagas, já que, em janeiro, a prefeitura anunciou que abriria mais 2.500 vagas na educação infantil ainda naquele mês.
No setor de infraestrutura, o prefeito apresentou números sobre iluminação pública, retirada de entulho e continuidade de obras como o viaduto do Recanto do Sol. A intervenção, inicialmente prometida para julho, agora tem nova previsão de entrega entre agosto e setembro. A ausência de financiamentos, segundo Corrêa, é uma escolha da gestão para evitar o endividamento do município, mas limita o ritmo de execução de projetos maiores.
Desgaste
Apesar do discurso de recuperação, os seis primeiros meses da gestão também foram marcados por episódios que ampliaram o desgaste político do prefeito. A relação com o governo estadual, por exemplo, é considerada distante. Em junho, o governador Ronaldo Caiado (UB) chegou a declarar publicamente que não havia sido comunicado sobre a possibilidade de parceria para a construção da ponte estaiada no bairro Jundiaí, uma das principais obras anunciadas por Corrêa.
O principal ponto de pressão sobre a administração, no entanto, é o inquérito da Operação Máscara Digital, que investiga os perfis do 'Anápolis na Roda' nas redes sociais usados para atacar personalidades do município. O prefeito foi citado no relatório inicial pela Polícia Civil, que aguarda decisão do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-GO) para apurar a suposta participação do prefeito. Por cerca de 40 dias, Corrêa evitou comentar o caso. Justificou-se apenas durante prestação de contas ao dizer que está sujeito a investigações por ocupar o cargo de prefeito.