O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sittra) decidiu manter suspensa a greve dos motoristas do transporte coletivo até a próxima sexta-feira (4), data marcada para nova audiência de mediação com a empresa Urban e representantes da Prefeitura de Anápolis. A decisão foi tomada após reunião no Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-18) nesta terça-feira (1º), com a presença do Ministério Público do Trabalho.
A categoria cobra definição sobre reajuste salarial e uma série de benefícios previstos na pauta entregue à Urban, em discussão desde maio. Entre as principais reivindicações estão aumento de 10% nos salários, reposição de perdas acumuladas em 20%, reajuste de 15% nos tíquetes alimentação e desjejum, adicional de 20% para motoristas que também atuam como cobradores, auxílio de R$ 200 para quem inicia o turno antes do horário do transporte público e pagamento dos tíquetes nas férias.
O presidente do sindicato, Adair Rodrigues, argumenta que a retomada do serviço foi uma forma de demonstrar disposição ao diálogo, mas cobra avanço concreto. “Esperamos que a mediação traga resultados concretos. Nosso compromisso é com os nossos associados e com o diálogo, dentro da data-base”, disse.
A greve realizada na segunda-feira (30), que paralisou completamente a circulação de ônibus na cidade, foi, segundo ele, uma resposta à ausência de contraproposta da empresa.
Na audiência, o Ministério Público do Trabalho sugeriu que fosse concedido ao menos um reajuste parcial baseado na inflação, mas a Agência Reguladora Municipal (ARM) informou que ainda não tem autorização para apresentar qualquer percentual. A Urban, por sua vez, disse estar em fase final de estudos técnicos.
Sem proposta formalizada até agora, o Sittra aguarda a audiência de sexta-feira como última tentativa antes de retomar a paralisação. A Urban, por outro lado, segue com pedido judicial para que a greve iniciada sem aviso prévio seja declarada abusiva.
A paralisação, conforme especialistas ouvidos pelo DM, descumpriu requisitos legais previstos para serviços essenciais. Além de não ter sido comunicada com antecedência mínima de 72 horas, o movimento interrompeu a circulação de 100% da frota. A ausência de um percentual mínimo de veículos em operação contraria o entendimento consolidado em decisões judiciais, que geralmente exigem pelo menos 30% de funcionamento para garantir o direito de ir e vir da população.
Desde a manhã desta terça-feira (1º), os ônibus voltaram a circular normalmente em Anápolis.