Educação FORMAÇÃO

Anápolis tem o menor número de formados em Computação e TIC, aponta Censo 2022

Com apenas 1.364 pessoas com nível superior completo na área, cidade industrial carece de profissionais de tecnologia da informação

01/07/2025 12h00
Por: Lara Duarte
Foto: Secretaria da Retomada
Foto: Secretaria da Retomada

Apesar de ser um dos polos industriais mais relevantes do Centro-Oeste, Anápolis enfrenta uma escassez preocupante de profissionais formados em Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). De acordo com o Censo 2022 do IBGE, apenas 1.364 pessoas têm diploma de nível superior na área — o menor número entre todas as formações listadas no levantamento.

Em comparação, áreas como Educação (7.675), Saúde e bem-estar (10.979) e, especialmente, Direito e Administração (20.330) registram números muito mais expressivos de profissionais graduados. Até mesmo áreas menos associadas à tecnologia, como Serviços (2.485) e Artes e Humanidades (3.423), superam a formação em TIC.

Esse descompasso preocupa empresas locais, principalmente em um cenário de digitalização crescente. O polo industrial de Anápolis, que abriga importantes indústrias farmacêuticas, logísticas e de transformação, já sente o impacto da falta de mão de obra qualificada em tecnologia.

“A ausência de profissionais de TI limita o avanço digital das empresas. Muitas acabam importando talentos de outras cidades ou contratando serviços externos, o que pode aumentar custos e reduzir competitividade”, afirma Ana Gabriela Santos, especialista em recrutamento e seleção.

A dificuldade de encontrar profissionais qualificados também está relacionada a entraves estruturais, como aponta Rodrigo Matheus, desenvolvedor de sistemas e morador de Anápolis. Para ele, a raiz do problema vai além da falta de interesse pela área de tecnologia. “A educação aqui é muito fraca — da base até o ensino superior. Eu mesmo me formei na UEG, que teoricamente seria a melhor universidade da cidade, mas o sistema é extremamente arcaico. Muitos colegas acabam desanimando e nem concluem o curso”, afirma.

Rodrigo também destaca que, apesar de Anápolis ser considerada um polo industrial, as condições oferecidas pelas empresas locais nem sempre são atrativas. “O DAIA tem estrutura precária, salários baixos e pouco incentivo à inovação. Muita gente prefere procurar oportunidades em outras cidades ou até em outros estados. Isso tudo contribui para a escassez de mão de obra qualificada em tecnologia aqui.”

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