A paralisação total do transporte coletivo em Anápolis nesta segunda-feira (30) pegou muitos usuários de surpresa e gerou impacto direto no bolso de quem precisou recorrer ao transporte por aplicativo. Com a ausência dos ônibus urbanos operados pela empresa Urban, passageiros relataram atrasos, dificuldade de locomoção e preços elevados nas corridas de Uber, que chegaram a ultrapassar os R$ 50.
Dilma Oliveira, que utiliza diariamente a linha da Avenida Tiradentes para o terminal central, contou que só soube da paralisação ao chegar ao ponto de ônibus. “Eu pego ônibus na Av. Tiradentes e vou pro terminal, de lá eu pego outro pra chegar no meu trabalho. Aí eu descobri que o transporte público em Anápolis estava paralisado e eu não sabia de nada. Acabei tendo que pegar um Uber, o que me fez gastar mais do que eu queria. Fiquei esperando o Uber chegar e me atrasei toda”, relatou.
A alta nos preços dos aplicativos de transporte foi um dos principais reflexos percebidos pelos usuários. Corridas que, em dias normais, custariam entre R$ 8 e R$ 10, chegaram a custar até quatro vezes mais. Alessandra Wagna, por exemplo, relatou ter pago R$ 35 para chegar ao trabalho. “Eu costumo pagar entre R$ 8,00 e R$ 9,00 na corrida para ir pro trabalho, mas hoje, por causa da paralisação da Urban, eu paguei R$ 35,00 no Uber. Foi bem mais caro do que o normal”, afirmou.
Outros relatos enviados por moradores ao DM Anápolis apontam corridas ainda mais caras. Uma passageira que estava na Praça Bom Jesus e precisava ir até a Santa Casa pagou R$ 45 por um trajeto que normalmente seria feito de ônibus por menos de R$ 5. Outro caso foi de um morador do bairro Boa Vista, que precisou custear a ida de uma funcionária do Recanto do Sol até sua casa — uma corrida de R$ 50.
A paralisação, promovida por motoristas da empresa Urban, foi motivada pela ausência de resposta à pauta de reivindicações salariais entregue à empresa no mês passado. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Anápolis (Sittra), o prazo final para apresentação de uma contraproposta expirou em 30 de maio e, desde então, não houve avanço nas negociações.
A decisão de parar partiu da diretoria do sindicato em reunião com lideranças, sem assembleia formal, e a paralisação atingiu 100% da frota. Sem aviso claro ou planejamento prévio, a população foi diretamente afetada pela medida.
A Urban, por meio de nota assinada pelo diretor jurídico Carlos Leão, informou que já havia notificado tanto a Prefeitura quanto o sindicato e que aguardava providências do poder público para avançar nas negociações. A empresa também destacou que o direito de greve exige aviso prévio e manutenção de um serviço mínimo, alertando para possíveis medidas judiciais.
O sindicato, por sua vez, negou qualquer ilegalidade e afirmou que vinha alertando sobre a possibilidade de paralisação. “Pedimos desculpas à população, mas não há como continuar com essa indefinição. O trabalhador não quer parar, quer que resolva o problema”, declarou o presidente do Sittra, Adair Rodrigues.
No fim desta manhã, a Prefeitura de Anápolis confirmou que representantes da Agência Reguladora do Município (ARM) e do Poder Executivo se reuniram com a direção da Urban para tratar da paralisação. Segundo nota oficial, as condições da greve já foram judicializadas e as tratativas com a empresa seguem em andamento. Um dos principais pontos de impasse, a negociação da data-base dos motoristas está em fase final de definição.
Outro item em debate, o reajuste tarifário, deve ser deliberado em julho. A ARM informou ainda que busca uma solução conjunta com a concessionária para garantir a retomada do serviço e minimizar os transtornos à população.