Saúde SAÚDE

Taquicardia pode ser sinal de doença autoimune que afeta a tireoide

Condição conhecida como Doença de Graves acelera o metabolismo e impacta o coração; diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais para evitar complicações

15/06/2025 13h00
Por: Janayna Carvalho
Foto: Reprodução
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O sintoma de taquicardia, ou coração acelerado, é frequentemente associado à ansiedade ou ao uso de substâncias estimulantes, mas também pode ser o primeiro sinal de um problema de saúde mais sério e menos conhecido: a Doença de Graves. Trata-se de uma condição autoimune na qual o sistema imunológico ataca a glândula tireoide, levando à produção excessiva de hormônios tireoidianos, o que acelera o metabolismo e pode impactar diretamente o funcionamento do sistema cardiovascular.

Descrita pela primeira vez em 1835 pelo médico irlandês Robert James Graves, a doença leva seu nome em reconhecimento à sua contribuição para o entendimento da disfunção. Dados publicados pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos indicam que a condição é significativamente mais comum em mulheres, com um risco estimado de 3%, do que em homens, cujo risco é de apenas 0,5%. A faixa etária mais afetada está entre os 20 e 50 anos de idade.

De acordo com a endocrinologista Renata Camia, o excesso de hormônios tireoidianos afeta diretamente o sistema cardiovascular, resultando em sintomas como taquicardia, palpitações e sensação de respiração suspirosa. “Na Doença de Graves, o próprio sistema imunológico ataca a glândula tireoide, fazendo com que ela produza hormônios em excesso. Isso acelera o metabolismo e desencadeia diversos sintomas”, explica. Além das manifestações cardíacas, são comuns também tremores nas mãos, cansaço, perda de peso, irritabilidade, insônia, sensação de calor constante, sudorese excessiva e queda de cabelo. No caso das mulheres, pode ocorrer alteração no ciclo menstrual, geralmente com redução do fluxo.

Uma característica particularmente marcante da Doença de Graves é o acometimento ocular. Em alguns pacientes, os olhos podem apresentar vermelhidão, irritação e, em situações mais graves, exoftalmia, condição em que os olhos ficam visivelmente projetados para fora da cavidade ocular, alterando inclusive a expressão facial.

O diagnóstico depende de uma combinação de análise clínica e exames laboratoriais específicos. Segundo Renata Camia, a confirmação do hipertireoidismo é feita por meio da dosagem dos hormônios TSH, T3 e T4, incluindo suas formas livres, além da verificação dos anticorpos tireoidianos, que ajudam a identificar se a causa da disfunção é autoimune. A médica também alerta que determinados fatores podem interferir nos resultados, como o uso de corticoides, suplementos com biotina e a presença de outras doenças, por isso a interpretação dos exames deve ser feita por um especialista.

Apesar de não haver uma forma específica de prevenir a Doença de Graves, há tratamentos eficazes e opções terapêuticas que variam conforme a gravidade de cada caso. O mais comum é o tratamento medicamentoso com drogas antitireoidianas, que controlam a produção dos hormônios, mas exigem monitoramento frequente, especialmente da função hepática. Outra alternativa é a radioiodoterapia, que utiliza iodo radioativo para reduzir a atividade da tireoide. Em casos mais severos, pode-se recorrer à cirurgia, procedimento mais invasivo cuja indicação depende do histórico clínico e dos resultados dos exames de acompanhamento.

Renata Camia reforça que manter um estilo de vida saudável pode colaborar para o equilíbrio do sistema imunológico e, consequentemente, ajudar a reduzir riscos. “Invista em exercícios físicos, mantenha a alimentação equilibrada, cuide da saúde mental e faça acompanhamento regular com endocrinologista”, recomenda a médica, destacando a importância da atenção aos sinais do corpo e da busca por orientação médica ao menor sinal de anormalidade.

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