A sensação de frio é uma experiência subjetiva, mas a ciência mostra que ela é também profundamente influenciada por fatores fisiológicos. Uma das diferenças mais marcantes entre homens e mulheres está justamente na forma como cada um percebe a temperatura. A explicação para isso envolve aspectos hormonais, metabólicos e estruturais do corpo masculino, como explica o urologista Luiz Cláudio Resende.
Homens possuem maior massa muscular, menor percentual de gordura subcutânea e metabolismo mais acelerado, combinação que favorece a produção e a manutenção de calor corporal. Isso significa que o corpo masculino, por natureza, gera mais calor e o dissipa de forma mais eficiente, mantendo a temperatura interna mais estável mesmo em ambientes frios. Esses fatores fazem com que a temperatura considerada confortável para os homens seja, em média, de 1 a 2 graus Celsius mais baixa do que para as mulheres, o que reforça a resistência masculina ao frio.
Do ponto de vista hormonal, a estabilidade nos níveis de testosterona contribui para uma sensação térmica mais constante ao longo do tempo. Diferente do que ocorre nas mulheres, que enfrentam variações significativas na produção de estrogênio durante o ciclo menstrual e a menopausa, os homens não vivenciam essas oscilações. “O estrogênio atua no processo de vasodilatação e sua flutuação causa alterações na regulação da temperatura nas mulheres, o que influencia diretamente na forma como elas percebem o frio”, explica o médico. Já a constância hormonal masculina garante uma resposta térmica mais previsível, reforçando a tolerância ao frio.
A diferença entre os sexos também se reflete na forma como o corpo lida com a dissipação de calor. A gordura corporal, mais abundante nas mulheres e distribuída principalmente na região subcutânea, tende a isolar o calor no centro do corpo, deixando extremidades como mãos e pés mais expostas ao frio. Os homens, com musculatura mais desenvolvida e menor camada de gordura isolante, distribuem o calor de maneira mais uniforme, o que colabora para a manutenção da temperatura periférica.
Além disso, a testosterona influencia diretamente na sudorese, o que também afeta a regulação térmica. Homens costumam transpirar mais do que as mulheres, e esse mecanismo natural de resfriamento ajuda a equilibrar a temperatura corporal em diferentes condições climáticas. Embora a transpiração esteja mais associada ao calor, ela também revela uma maior capacidade do organismo masculino de adaptar-se às mudanças de temperatura.