Anápolis OPERAÇÃO MITRÍDATES

PF desarticula esquema de contrabando de agrotóxicos ilegais com ramificações em Anápolis

Produto apreendido tem origem chinesa, alto grau de toxicidade e já causou danos ambientais e riscos à saúde pública

10/06/2025 16h00
Por: Redação
Foto: PF
Foto: PF

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (10) uma nova fase da Operação Mitrídates, voltada ao combate ao contrabando de agrotóxicos ilegais em Goiás e no Distrito Federal. Com mandados cumpridos em Anápolis, Goiânia e Águas Lindas (DF), a ação resultou na apreensão de 250 litros de produtos de origem estrangeira, possivelmente chinesa, com alto grau de toxicidade e adulterações, conforme revelou o delegado responsável pelo caso, Mário Sérgio Ribeiro de Oliveira.

A operação apura a participação de integrantes de um grupo suspeito de movimentar até 5 toneladas do agrotóxico em menos de um mês. De acordo com a Polícia Federal, o material apreendido nesta semana representa apenas uma fração do que já circulou em solo goiano. A estimativa inicial, baseada em investigações que remontam a agosto de 2024, é de que a organização criminosa tenha movimentado cerca de R$ 350 mil em uma única transação.

A primeira etapa da investigação começou após a prisão em flagrante de dois suspeitos transportando aproximadamente 400 quilos do agrotóxico. Desde então, as apurações avançaram, revelando um esquema bem estruturado, com divisão de tarefas que iam desde a importação até o armazenamento e a comercialização dos produtos proibidos no Brasil.

Segundo o delegado, o produto contrabandeado da China possui concentração de princípio ativo superior à permitida no país, o que aumenta a eficácia no combate às pragas, mas gera sérios riscos à saúde da população e ao meio ambiente. “Contamina o solo, os alimentos que vão para a mesa do cidadão, provoca doenças e a mortandade de animais”, afirmou Oliveira.

A investigação apontou que o uso indiscriminado do veneno já causou graves danos ambientais, inclusive com a morte de centenas de animais aquáticos em rios contaminados. “O que vimos foi um impacto ambiental severo. Isso reforça o perigo que esse tipo de atividade representa para o ecossistema e para o consumidor final”, disse o delegado.

A operação leva o nome de Mitrídates em alusão ao rei grego Mitrídates VI, conhecido por tomar pequenas doses de veneno para se imunizar, numa metáfora ao uso constante e invisível de substâncias altamente tóxicas no campo brasileiro.
A PF informou que o inquérito será finalizado e encaminhado à Justiça em até 60 dias. As investigações continuam para identificar outros envolvidos, incluindo transportadores, armazenadores e operadores financeiros do grupo criminoso.

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