A rotina dos corretores de imóveis mudou drasticamente nos últimos anos com o avanço da tecnologia. Ferramentas como plataformas digitais de anúncios, CRMs imobiliários, atendimento automatizado e visitas virtuais em 3D tornaram-se parte do cotidiano desses profissionais. Para muitos, a adaptação a esse novo cenário não é mais uma opção, mas uma questão de permanecer ou não ativo no setor.
O consultor imobiliário Alberto Júnior, que atua há 12 anos em Anápolis (GO), afirma que a digitalização foi um divisor de águas na profissão. “O corretor que não é digital, está fora do mercado”, resume.
A facilidade de divulgar imóveis pela internet e o contato constante com os clientes por canais digitais transformaram a maneira de negociar. A presença online deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade básica para quem atua na área.
Entre os recursos mais utilizados, a inteligência artificial (IA) tem ganhado destaque. Segundo ele, softwares que interpretam o comportamento dos clientes e sugerem imóveis com base em preferências pessoais já fazem parte do cotidiano de corretores que acompanham a modernização do setor. A IA também automatiza mensagens, mantendo o contato com o público fora do horário comercial, e contribui para um atendimento mais ágil e personalizado.
Além disso, recursos de realidade virtual e aumentada permitem que o cliente conheça um imóvel em detalhes sem precisar sair de casa. Os tours interativos em 3D ajudam a economizar tempo e aumentam as chances de fechar negócios com pessoas realmente interessadas. “É como entregar a chave do imóvel antes da visita física”, avalia Alberto.
Apesar das vantagens, o processo de adaptação tecnológica impõe desafios. Aprender a utilizar as ferramentas exige tempo, esforço e investimento financeiro. Corretores que não dominam essas habilidades acabam recorrendo a serviços terceirizados para criação de conteúdo, publicidade e manutenção de sites, o que pode elevar os custos operacionais.
Alberto revela que investe cerca de 20% de seu faturamento em estratégias de marketing digital. Mesmo com os gastos mais altos, ele afirma que o retorno compensa. “Os meus ganhos superam as despesas, o que justifica o investimento”, pontua.
Outra tendência no mercado imobiliário é o uso intensivo de vídeos, imagens aéreas com drones e identidade visual profissional para se destacar nas redes. Os conteúdos precisam, além de apresentar bem o imóvel, transmitir a personalidade do corretor e criar conexões humanas com os potenciais compradores.
“Hoje em dia, todos os corretores fazem vídeos. Mas só aqueles que realmente facilitam o entendimento e capturam a atenção do cliente conseguem se destacar”, explica Alberto. Para ele, a habilidade de comunicar de forma criativa e envolvente é uma peça-chave no novo perfil do corretor de imóveis.
A sobreposição de funções é comum no início da jornada digital. O próprio Alberto relata que, no começo, teve que acumular as funções de corretor e publicitário: aprendeu a criar seu site, operar câmeras e até gerenciar anúncios online. Com o tempo, passou a contar com parceiros especializados em marketing, o que permitiu dividir melhor suas atividades e focar no atendimento ao cliente.
Segundo ele, a combinação entre conhecimento imobiliário e estratégias de publicidade é um diferencial decisivo. “Vejo muitos profissionais ignorando essa realidade. Mas a tecnologia no mercado imobiliário já não é uma tendência — é uma exigência”, conclui.