O ex-presidente do Instituto de Seguridade Social dos Servidores de Anápolis (ISSA), Eduardo Milke, rebateu a interpretação de que as contas da previdência municipal teriam se agravado nos últimos anos e apresentou um relatório atuarial de dezembro de 2016 para sustentar a posição. Segundo o documento, o ISSA acumulava na época um déficit de R$ 6,6 bilhões, valor que, de acordo com o estudo mais recente com data-base de dezembro de 2024, foi reduzido para R$ 3,47 bilhões.
"Esse dado não é opinião. Está no estudo atuarial oficial de quando o Roberto assumiu. O déficit era quase R$ 7 bilhões. Hoje é menos da metade disso", declarou Milke em entrevista ao DM Anápolis.
O ex-presidente ressalta que o relatório divulgado agora, com base em 2024, não é uma auditoria, mas um estudo obrigatório realizado anualmente por todos os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). "É rotina. Todos os anos o ISSA passa por esse estudo", reforçou.
Milke explicou que entre 2017 e 2023 foram adotadas medidas que interromperam o crescimento constante do rombo que se arrastava desde a criação do instituto, em 2003. "Nenhum prefeito reduziu o déficit até a entrada do Roberto. Pelo contrário, só cresceu. Foi na gestão dele que houve a primeira queda real no déficit atuarial", afirmou.
Entre as medidas implementadas, ele citou a segregação de massas, reforma da previdência, tentativa de alienação de imóveis públicos e elaboração de plano de equacionamento. Parte dessas ações, segundo Milke, foi deixada em fase final de execução. "A transferência das áreas, por exemplo, já estava pronta para ser finalizada. É só dar continuidade ao processo administrativo que está aberto", pontuou.
Ele destaca que, sem as medidas adotadas na época, o déficit atual poderia ultrapassar os R$ 10 bilhões. "Não foi omissão, foi enfrentamento. Por isso não faz sentido dizer que a situação piorou", enfatizou.
O ex-auxiliar do Executivo também comentou sobre a perda de validade do plano de equacionamento anterior, que acabou sendo afetado por reajustes salariais concedidos acima da inflação. "Roberto teve um ano com aumento de 18%, mais de 10% acima da inflação. Depois vieram outros aumentos, como o de quase 15% para os professores. Isso desestruturou o plano", detalhou.
Diante da situação, Milke afirmou ter proposto uma lei de responsabilidade previdenciária, que obrigaria o poder público a revisar o plano de financiamento sempre que houvesse reajustes salariais superiores à inflação. A proposta não avançou. "Infelizmente os sindicatos foram contra e a lei não foi aprovada, mas era uma forma de manter o equilíbrio", disse.
Para ele, o caminho agora passa pela venda dos imóveis públicos vinculados ao instituto, levantamento dos valores disponíveis e formulação de um novo plano de equacionamento. "Com a entrada desses recursos e um plano bem estruturado, seria possível até zerar o déficit", indicou.