Diante das mudanças no comportamento dos jovens e das exigências do mercado de trabalho, escolas de diferentes regiões têm investido na formação integral de seus alunos, com foco no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e éticas desde a infância. Não são raros os relatos de dificuldades envolvendo o comportamento da Geração Z — nascidos entre 1997 e 2012 — no ambiente corporativo.
Entre os principais desafios apontados por gestores estão a impaciência, a dificuldade em lidar com críticas, problemas de comunicação interpessoal e uma elevada rotatividade no emprego. Especialistas atribuem esses comportamentos às transformações tecnológicas e sociais que moldaram essa geração. “As dificuldades de comunicação, a pouca empatia e o imediatismo são reflexos do ambiente digital acelerado em que esses jovens foram criados”, afirma Ana Cláudia Favano, psicóloga, pedagoga e gestora escolar.
Para a educadora, cabe à escola um papel fundamental no desenvolvimento de competências que vão além do ensino acadêmico. “Não é sobre dar sermão ou resolver conflitos com pressa, mas criar um ambiente propício para a interação e a prática de valores éticos. Assim, desenvolvemos a formação ética para a vida, que evita comportamentos inadequados no ambiente de trabalho”, explica.
Já Ana Claudia Gomes, coordenadora pedagógica de uma escola bilíngue, ressalta que muitas críticas dirigidas à Geração Z refletem, na verdade, novas demandas sociais. “Esses jovens querem se sentir conectados com o que fazem. Cabe a nós, educadores, preparar os alunos para tomarem decisões conscientes e alinhadas aos seus valores”, defende.
Segundo ela, o fortalecimento de competências como empatia, pensamento crítico e inteligência emocional é essencial. “Quando estimulamos o autoconhecimento, a responsabilidade cidadã e o uso estratégico da tecnologia, formamos jovens mais preparados para o futuro e alinhados com as exigências do mercado”, completa.
As educadoras apontam cinco pontos-chave que escolas podem adotar para apoiar essa preparação: planejamento de carreira desde cedo; desenvolvimento de competências socioemocionais; vivência prática no mercado de trabalho; uso estratégico da tecnologia; e fortalecimento da autonomia e da capacidade de adaptação.
“Projetos interdisciplinares, aulas de atualidades, filosofia e temas globais ajudam na formação de jovens mais resilientes e preparados emocionalmente”, exemplifica Favano.
Experiências práticas, como simulações, mentorias e parcerias com empresas, também são recomendadas. “Essas vivências permitem que os alunos se conectem com o mercado real e entendam, na prática, o que envolve cada profissão”, destaca Gomes.
Para ambas as especialistas, o desenvolvimento socioemocional é tão importante quanto o domínio de competências técnicas. “Formar para a vida é formar para o mercado, para a cidadania e para os desafios de um mundo cada vez mais complexo e tecnológico”, conclui Favano.