A Prefeitura de Anápolis firmou contrato emergencial com a empresa VR Buffet Serviços e Comércio LTDA para retomar as operações do Restaurante Popular do bairro Morumbi. A contratação, publicada no Diário Oficial do Município desta terça-feira (3), foi feita com dispensa de licitação e terá vigência de 12 meses, ao custo de R$ 2.494.800,00.
Segundo o documento, a empresa será responsável por todo o serviço, incluindo o fornecimento das refeições, aquisição de insumos, contratação de mão de obra, limpeza, manutenção predial e de equipamentos. A gestão do contrato ficará a cargo da servidora Camilla Luana Oliveira Alves, com fiscalização de Geraldo Marciano Valadão, ambos designados pela Secretaria Municipal de Assistência e Políticas Sociais.
Apesar do novo contrato, a unidade permanece fechada e a Prefeitura ainda não definiu uma data para a reabertura. A paralisação do restaurante, localizado na Avenida Pedro Ludovico, completou dois meses nesta semana. Desde então, refeições têm sido distribuídas na calçada do local.
A decisão de suspender as atividades foi tomada após uma visita do prefeito Márcio Corrêa (PL) e da secretária de Assistência Social, Jordana Faria, no dia 4 de abril. Segundo o prefeito, a inspeção identificou diversas irregularidades, como reaproveitamento de alimentos, fornecimento abaixo da quantidade contratada, sucos preparados com pó em vez de polpa, produtos com validade vencida e ausência de controle de temperatura.
O vídeo do prefeito anunciando o fechamento foi divulgado nas redes sociais e deflagrou uma crise que se estendeu nas semanas seguintes. A então empresa responsável pelo serviço alegou que a decisão foi arbitrária e que todos os documentos solicitados haviam sido entregues. Também afirmou que havia executado as correções solicitadas pela Vigilância Sanitária, mas não obteve resposta da Prefeitura.
No dia 7 de abril, vereadores como Luzimar Silva (PP) e Fred Caixeta (PRTB) foram ao local e constataram que as marmitas estavam sendo servidas fora dos padrões sanitários, com transporte inadequado e armazenamento em caixas de isopor posicionadas na calçada. A unidade permanecia trancada, e os consumidores almoçavam do lado de fora.
Na ocasião, a secretária Jordana afirmou que o local não possuía alvará da Vigilância Sanitária. A declaração foi contestada por vereadores presentes, que pediram a reabertura do espaço para, ao menos, acomodar as pessoas nas cadeiras do salão interno.
A polêmica ganhou novos contornos quando a empresa antiga, que também fornecia carnes para a merenda escolar, alegou que a suspensão das atividades teria relação com uma dívida de aproximadamente R$ 1 milhão que estaria sendo cobrada da Prefeitura. A gestão municipal negou o débito e reiterou que a interrupção se deu por “descumprimento contratual”.
Diante da indefinição e da ausência de retorno por parte da administração, a empresa comunicou a demissão de todos os funcionários da unidade do Morumbi. O contrato, que ainda estava vigente, foi encerrado na prática após 12 dias de paralisação e silêncio da Secretaria de Assistência Social.
Enquanto isso, o fornecimento de marmitex foi mantido, de forma improvisada, durante todo o mês de abril e maio. A Prefeitura chegou a anunciar a substituição da empresa responsável, mas as condições do serviço seguiram sendo alvo de críticas da população e de vereadores da base.