A confirmação de que o prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa (PL), é investigado por possível envolvimento com o perfil anônimo "Anápolis na Roda" fortaleceu nesta sexta-feira (24) a mobilização pela abertura de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) na Câmara Municipal. O sétimo apoio formal ao requerimento partiu do vereador Rimet Jules (PT), que classificou as ações reveladas pela Operação Máscara Digital como “gravíssimas, absurdas e lamentáveis”.
Agora, com sete assinaturas – incluindo as de Domingos Paula (PDT), Fred Caixeta (PRTB), Luzimar Silva (PP), Thaís Souza (Republicanos), Alex Martins (PP) e Policial Federal Suender (PL) – falta apenas uma para que a comissão seja formalmente criada. São necessárias oito assinaturas no total, conforme determina o Regimento Interno da Casa.
Proposta na segunda-feira (19) por Domingos Paula, a CEI tem como objetivo apurar a atuação do grupo por trás do "Anápolis na Roda", perfil investigado por difamações e perseguições digitais. Segundo Domingos, mais de dez vereadores foram alvos da página, além de diversas outras figuras públicas e privadas da cidade. Ele próprio contabiliza mais de seis postagens ofensivas.
Desde a deflagração da operação, que levou à prisão do ex-secretário de Comunicação Luís Gustavo Rocha, do jornalista Denilson Boaventura e da ex-candidata a vereadora Ellysama Aires, o clima na Câmara é de tensão. Apesar disso, a presidente Andreia Rezende (Avante) tem feito apelos por cautela no tratamento da pauta, pedindo que os nomes dos investigados sejam mencionados com responsabilidade para evitar desgaste institucional.
A apuração da Polícia Civil identificou que o prefeito integrava um grupo de WhatsApp chamado “Café com Pimenta”, onde teriam sido articulados ataques contra adversários. A corporação já requisitou autorização ao Tribunal de Justiça de Goiás para aprofundar a investigação sobre o chefe do Executivo, que tem foro especial.
Enquanto isso, o prefeito permanece em silêncio. Nesta sexta-feira, completou oito dias sem se pronunciar sobre o caso. A única medida adotada até agora foi a exoneração de Luís Gustavo Rocha, publicada na segunda-feira (20) no Diário Oficial.
Até o momento, a Polícia Civil contabiliza ao menos 77 boletins de ocorrência formalizados contra o perfil investigado. O número pode aumentar, já que os delegados pedem que vítimas que ainda não registraram denúncias procurem a delegacia.