A moda dos bebês reborn ultrapassou as fronteiras de um nicho silencioso e ganhou as ruas, vitrines e conversas em todo o Brasil. Bonecas que imitam com impressionante realismo os traços e proporções de recém-nascidos são, hoje, objeto de desejo de milhares de pessoas. Com roupas cuidadosamente escolhidas, acessórios personalizados e até carrinhos de passeio, os reborns deixaram de ser apenas peças de coleção para ocupar um lugar que, muitas vezes, confunde a linha entre o lúdico e o real. Em diversas cidades, é comum ver adultos conduzindo bonecas como se fossem filhos, em cenas que surpreendem e dividem opiniões. Em Anápolis os moradores têm opinado sobre esse fenômeno.
A estudante Letícia Oliveira conta que se deparou com uma mulher carregando o que pensou ser um bebê adormecido. “De longe parecia real. Só depois de algum tempo percebi que era uma boneca. Fiquei desconcertada. É estranho, não tem outra palavra. Me perguntei o que leva uma pessoa a sair com uma boneca daquele jeito”, disse. O sentimento de desconforto não é isolado. A crescente presença de reborns em ambientes públicos provoca reações que vão do espanto à reflexão sobre os limites entre afeto simbólico e fantasia.
Para o anapolino kayky Pinheiro, o fenômeno revela uma tendência mais profunda. “O que me incomoda não é a boneca em si, mas o que isso representa. Parece que tem uma dificuldade das pessoas em amadurecer, em lidar com a realidade como ela é. É como se parte dessa geração quisesse voltar pra infância e ficasse presa”, afirma. Para ele, o uso dos reborns em contextos cotidianos não deveria ser tratado como algo apenas inofensivo, mas debatido com seriedade.
Apesar das críticas, há quem veja a prática com naturalidade, desde que mantenha certos limites. Thaís Silva, moradora do bairro Jundiaí, considera que tratar a boneca como um passatempo não representa um problema por si só. “Tem gente que coleciona miniaturas, brinquedos, objetos antigos. Se for encarado como uma coleção, tudo bem. O que preocupa é quando a pessoa passa a agir como se fosse, de fato, mãe daquele bebê. Aí é preciso saber a hora de parar”, opina.
No Brasil, o mercado dos bebês reborn tem crescido de forma expressiva, embora não existam dados oficiais sobre o número exato de colecionadores. Os preços variam bastante, desde modelos mais simples, a partir de cerca de R$ 100, até versões altamente detalhadas que podem ultrapassar os R$ 10 mil.