A avaliação do deputado estadual Antônio Gomide (PT) sobre os primeiros meses da gestão do prefeito Márcio Corrêa (PL) na saúde pública é direta: “Hoje nós temos estrutura, mas não temos gestão”. Em entrevista ao DM Anápolis, nesta quinta-feira (15), o ex-prefeito afirmou que a população ainda não sentiu diferença em relação aos problemas antigos. “Tem uma continuidade. E, como continuidade, a saúde não estava funcionando”, declarou.
Gomide lembrou que entre os compromissos assumidos por Márcio durante a campanha eleitoral foi a criação de três policlínicas em quatro anos e duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). “Já está no quinto mês. Então é bom já fazer o planejamento”, pontuou.
O parlamentar cobrou avanço na articulação entre os governos municipal e estadual. Segundo o petista, não se trata apenas de discutir regulação ou exames, mas de garantir funcionamento real da rede pública. “Você precisa ter a estrutura e você precisa ter a gestão. A gestão não está articulada", apontou.
Um dos principais alvos de cobrança de Gomide é o Hospital Estadual de Anápolis Dr. Henrique Santillo (Heana), unidade de referência para mais de 60 municípios. Desde o início do ano, o deputado tem denunciado superlotação, pacientes em macas nos corredores e falhas no atendimento.
Nos últimos dias, o parlamentar reconheceu que houve melhora pontual na organização interna do hospital, após redistribuições e transferência de pacientes para outras unidades, como o Hospital Alfredo Abraão. “Os corredores não estão cheios como antes, mas as enfermarias seguem lotadas. Houve uma mudança de comportamento, mas a gente entende que não resolveu. É um paliativo”, disse.
Para Gomide, a visita recente do secretário estadual à Anápolis ajudou a dar visibilidade ao problema, mas falta ação direta. “A emergência é a mesma, o paciente é o mesmo. A gente precisa voltar a ter saúde pública", frisou.
A Secretaria Estadual de Saúde, em resposta a questionamentos feitos em fevereiro, negou que a superlotação tenha comprometido o atendimento no Heana. A pasta afirmou que fatores sazonais e limitações da rede sobrecarregam a unidade, e que medidas estão em curso para aliviar a demanda. Ainda segundo o governo, o hospital conta com mais de 50 leitos de UTI e, desde 2019, recebeu investimentos na ordem de R$ 23,8 bilhões para manutenção e ampliação da rede.