Neste fim de semana, Roma receberá uma das mais importantes competições infantis do Jiu-Jitsu mundial. O European Kids IBJJF Jiu-Jitsu Championship 2025 ocorrerá sábado (17) e domingo (18), no PalaPellicone, localizado em Lido di Ostia, reunindo jovens talentos de diversas partes do planeta. Representando o Brasil e a cidade de Anápolis, a jovem atleta Ana Júlia Muniz pode fazer história para sua equipe, seu treinador e sua cidade natal.
O evento é organizado pela International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF), considerada a principal entidade da modalidade no mundo, e abrange categorias para crianças nascidas entre 2010 e 2021, com divisões por faixas que vão da cinza à verde. No sábado, competem atletas das faixas cinza e amarela nas classes Mighty Mite, Pee Wee, Junior e Teen. Já no domingo, é a vez das faixas cinza, amarela, laranja e verde na categoria Teen, com Junior e Pee Wee também entrando em ação.
Entre os nomes que integram essa comitiva está Ana Júlia, que, aos poucos, vem escrevendo seu nome no cenário nacional e agora terá a oportunidade de representar Anápolis fora do país. "Sempre foi um sonho lutar um campeonato internacional. É muito gratificante saber que eu vou representar minha cidade natal mundo afora", disse a competidora, que participa de campeonatos há quatro anos.
A rotina intensa de treinos, alimentação balanceada e acompanhamento psicológico fazem parte da preparação. “A preparação foi um pouco mais intensa, mas sempre o mesmo de sempre: suplementação, nutricionista e treinos todos os dias. Tudo graças aos meus patrocínios, a Pholias e a nutricionista Eliza, minha equipe e meus colegas de treino, que sempre estão comigo", destacou.
Apesar da rotina já estabelecida no universo das competições, o desafio financeiro segue como um obstáculo real. “O principal desafio sempre é o dinheiro. Eu cheguei a fazer uma rifa para esse campeonato, mas não consegui vender nem metade dela. O custo é muito alto para uma viagem internacional”, lamentou.
Ainda assim, a atleta mantém o foco e a confiança de quem sabe que fez o possível para estar pronta. “Já estive na chave de algumas garotas de fora do Brasil, mas nunca cheguei a realmente lutar num campeonato com uma. Estou com grandes expectativas, eu treinei o máximo que eu pude e sei que fiz o que eu tinha que fazer. Agora é só pegar o resultado do meu esforço”, afirmou, sem esconder a admiração por grandes nomes do esporte. “Tenho muitas inspirações, mas creio que a mais forte é a Gabi Pessanha, que hoje em dia representa muito as mulheres do Jiu-Jitsu.”
Com a mente afiada graças ao acompanhamento psicológico e à fé em si mesma, Ana Júlia carrega a responsabilidade de representar uma equipe em ascensão. “A minha equipe é nova no cenário brasileiro e internacional, e acho que estou dando uma boa representatividade nessa questão. Já Anápolis é a mesma coisa praticamente”, pontuou.
Ela também defendeu maior apoio aos atletas da cidade. “Anápolis deveria investir mais em atletas, como nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas. Os projetos atualmente fazem muito do trabalho para levar atletas como eu a nível internacional. E caso não leve, sempre irá levar o atleta pra um caminho muito avançado.”
Apoio
Ana Júlia integra ainda o projeto Construindo Campeões, programa do Governo de Goiás que tem como objetivo promover a inclusão social por meio do esporte e revelar jovens talentos em todo o estado. A iniciativa, idealizada pelo governador Ronaldo Caiado, oferece suporte técnico e estrutura para o desenvolvimento esportivo de crianças e adolescentes.
À frente da preparação técnica está o treinador Jonatas Romeu, que acompanha de perto cada etapa da evolução da atleta e destaca a importância dessa experiência internacional. “A preparação foi voltada tanto para o alto rendimento físico quanto para a maturidade emocional. Estamos falando de uma menina que treina todos os dias, que segue plano alimentar, tem acompanhamento psicológico e sabe exatamente onde quer chegar. O campeonato em Roma é uma vitrine. É onde os talentos realmente aparecem”, disse.
Ele reforçou que o apoio da comunidade e dos patrocinadores é fundamental, mas que ainda é preciso avançar. “O que ela está conquistando é fruto de um conjunto de esforços. Mas se quisermos ver mais atletas como ela disputando competições internacionais, precisamos de políticas públicas de incentivo ao esporte. Hoje são os projetos sociais que seguram a base. Eles não só revelam talentos, como também mantêm crianças longe da vulnerabilidade.”