O Estado anunciou nesta terça-feira (12) que vai assumir o passivo ambiental causado pela obra do Aeroporto de Cargas, que danificou toda a região do Ribeirão da Extrema, a fim de possibilitar que a estrutura passe efetivamente a funcionar.
Em evento no Teatro Municipal, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) afirmou que o Governo de Goiás pagará mais de R$ 70 milhões para que seja concluído um estudo, projeto e executadas as obras necessárias de compensação ambiental na região do aeroporto.
“Contratamos uma empresa para trabalhar nisso (compensação ambiental) e de drenagem. A pista deságua e causa uma série de situações ambientais que levaram até a uma Ação Civil Pública. O Estado assumiu essa parte. O estudo está avançado e essa empresa vai fazer a recomposição ambiental”, afirmou.
Com o fim do drama ambiental, a pista poderia, enfim, ser refeita para comportar aviões de carga. Desde o ano passado, o aeroporto foi cedido à Infraero, a quem compete agora concluir esta parte da obra. Vilela afirma que a estatal federal já contratou projetistas especializados na construção de pistas de cargas e “assim que tiver a parte ambiental solucionada, já vai poder concluir e colocar em funcionamento o Aeroporto de Cargas”.
Em março, a Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) informou que a construção da nova pista de cargas no Aeroporto de Anápolis deve demandar R$ 250 milhões, conforme estimativa da própria Infraero. O valor inclui tanto a recuperação do passivo ambiental causado pela intervenção no Córrego Extrema, que atravessa a área da pista, quanto a obra de ampliação para comportar aeronaves de grande porte.
De acordo com a Goinfra, desde a federalização do terminal, em julho de 2024, a expectativa era de que a estatal assumisse toda a operação, incluindo o terminal de passageiros e o novo polo de cargas. No entanto, a Infraero afirmou que não investirá na pista enquanto as pendências ambientais não forem resolvidas. O trecho foi aterrado em gestões anteriores, sem a devida drenagem, o que causou um processo de erosão e travou a homologação da estrutura.
Histórico
As obras começaram na gestão de Marconi Perillo (PSDB), há mais de dez anos, e já consumiram mais de R$ 350 milhões. Em maio de 2023, uma comitiva do governo de Goiás, liderada pelo governador Ronaldo Caiado, foi a Brasília e pediu ao então ministro Márcio França que a Infraero assumisse o Aeroporto de Cargas. À época, o governo estadual já calculava que teria de aportar, pelo menos, de R$ 50 milhões a R$ 70 milhões para deixar a estrutura minimamente adequada antes de eventualmente repassá-la à União.
Além dos R$ 237 milhões já gastos, o Estado estima em, pelo menos, mais R$ 180 milhões o recurso necessário a ser investido para dar condições mínimas de operabilidade à estrutura. Ainda no ano passado o Governo de Goiás iniciou obra de um canal de drenagem, orçado em R$ 20 milhões, no aeroporto.
A Goinfra detalhou à época que ainda faltavam os canais de drenagem laterais, além do que seriam R$ 200 milhões para ligar com a pista do Daia, terminar o sítio aeroportuário, colocar os terminais e arrumar os defeitos da pista. Além de criar um canal de escoamento que suporte a água das chuvas e a preparação do ponto do Ribeirão Extrema que receberá esse volume, o projeto indicava cobertura vegetal nas laterais da pista e recuperação da voçoroca que vem comprometendo a cabeceira.
Imagens que constam no projeto da Goinfra retratam o quanto a erosão aumentou de 2019 para 2021, o que demonstra que houve falha grave no projeto original ao não se preocupar com a drenagem em uma obra executada pela gestão passada.