Ser mãe após os 35 anos deixou de ser uma exceção e passou a ser, cada vez mais, uma escolha consciente e planejada por mulheres anapolinas. Em meio à celebração da Semana do Dia das Mães, histórias de mulheres que decidiram adiar a maternidade para além do padrão imposto por gerações anteriores ganham destaque e ajudam a desmistificar antigos tabus sobre idade e fertilidade.
A busca por estabilidade profissional, o desejo de crescer academicamente, razões pessoais ou mesmo a ausência de um parceiro adequado no tempo considerado “ideal” estão entre os principais motivos apontados pelas mulheres que optam por engravidar depois dos 35 anos. Em Anápolis, essa mudança de comportamento tem ganhado espaço com relatos que combinam maturidade, preparo emocional e avanços da medicina.
Fabiana da Silva, de 42 anos, tornou-se mãe aos 36. “Sempre quis ser mãe, mas antes disso precisava me estabilizar profissionalmente. Quando finalmente decidi, não tive dificuldades e hoje sou mãe de um menino lindo”, conta. A escolha de esperar foi estratégica e, para ela, não significou abrir mão do sonho da maternidade, mas sim realizá-lo no tempo certo. Já Keila Oliveira, de 43 anos, viveu outro caminho. Após dois anos de tentativas, finalmente engravidou aos 42. “Cheguei a pensar em desistir. Fiz acompanhamento médico e tomei todos os cuidados possíveis, até que finalmente conseguimos. Hoje tenho uma filha que é a nossa maior bênção”, relata emocionada.
Dados da Fundação Oswaldo Cruz confirmam o que essas histórias revelam: nas últimas duas décadas, o percentual de mulheres que engravidam após os 35 anos quase dobrou no Brasil, passando de 9,1% para 16,5% dos nascimentos. O IBGE reforça essa tendência. Nos últimos 10 anos, houve um aumento de 63% no número de grávidas entre 35 e 39 anos, consolidando uma nova fase da maternidade no país.
Apesar do avanço, a maternidade tardia exige atenção. O farmacêutico Bruno Jacon de Freitas, gerente de Qualidade e Assuntos Regulatórios da Euroart Import, explica que o entendimento de que 35 anos seria um limite para conceber é um mito cada vez mais superado. “Até bem pouco tempo atrás, a maioria acreditava que essa idade era um divisor de águas. Hoje, sabemos que é perfeitamente possível engravidar com mais de 35, e até com mais de 40. Mas é verdade que pode ser um pouco mais difícil”, observa. Segundo ele, embora o tempo de espera possa ser maior, 62% das mulheres saudáveis entre 35 e 39 anos engravidam após um ano de tentativas.
Além do preparo emocional e da estabilidade de vida, o suporte da medicina tem sido essencial nesse processo. A ginecologista e obstetra Erika Narimatsu explica que a queda da fertilidade após os 35 anos é real, mas pode ser contornada com acompanhamento médico adequado e hábitos saudáveis. “Toda mulher nasce com um número fixo de óvulos, e essa reserva vai diminuindo com o tempo. Após os 35 anos, essa redução se intensifica, o que exige planejamento”, explica. Ela recomenda uma avaliação médica prévia e, caso a gravidez não aconteça em até seis meses, a retomada das consultas para investigar eventuais causas.
A médica também ressalta a importância de cuidar do corpo e da mente nesse processo. “Atividade física, boa alimentação, controle do estresse e evitar vícios são essenciais para garantir uma gravidez mais segura”, alerta. Para muitas mulheres, esse cuidado com a saúde é parte do pacote da maturidade, que traz consigo mais autoconhecimento e responsabilidade.