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Anapolino Carlos Alberto é bronze na Bélgica e consolida trajetória no paraciclismo

Paratleta anapolino celebra desempenho na Copa do Mundo após superar o frio europeu e volta ao pódio com prova intensa e estratégica na estrada

06/05/2025 17h20
Por: Janayna Carvalho
Foto: Juan Benavent / CBC
Foto: Juan Benavent / CBC

O Brasil encerrou a participação na etapa de Ostend, na Bélgica, da Copa do Mundo de Paraciclismo com um saldo de oito medalhas, duas delas conquistadas no último dia de provas de corrida de estrada. Entre os destaques da delegação brasileira está o paraatleta Carlos Alberto Gomes, natural de Anápolis, que brilhou ao conquistar o bronze na categoria C1 masculina, após uma das chegadas mais disputadas da competição. Aos 30 anos, Carlos comemora não apenas o lugar no pódio, mas o retorno às medalhas em provas de estrada, após uma sequência de desempenhos fortes que vinham esbarrando por pouco na premiação.

Com o tempo de 1h58min49s, o brasileiro assegurou o terceiro lugar numa corrida que exigiu força, resistência e muita técnica. “Foi uma das chegadas mais rápidas que eu disputei, com média acima dos 50km/h. A prova começou muito rápida, com um percurso plano, vento contra em uma reta de 5 km e vento a favor na chegada. Um trajeto de 11 km onde o pelotão teve ataques que selecionaram um grupo de dez atletas até a linha de chegada”, detalha.

Carlos destaca ainda o grau de dificuldade extra imposto pelas baixas temperaturas europeias. “Corremos com bastante frio. E não é uma coisa típica da minha região, de Goiás. Isso dificultou muito, mas também marcou essa conquista. Eu tive que lutar com a corrida e também com o frio", conta.

A preparação para a competição na Bélgica foi sólida, com base nos treinos realizados para o Campeonato Brasileiro em Indaiatuba (SP) e para a primeira etapa da Copa Brasil. Segundo Carlos, o planejamento permitiu manter um bom ritmo de treinos até a Copa do Mundo. A etapa de Ostend incluiu duas provas para sua classe: o contrarrelógio, no qual ele ficou em oitavo lugar , “não sou especialista, mas me desempenhei bem”, diz, e a corrida de estrada, onde ele subiu ao pódio.

A medalha de bronze tem sabor especial para o ciclista, que já vinha flertando com resultados expressivos em competições de alto nível. “Já fazia um tempo que eu vinha batendo na trave nas provas de estrada. Tinha feito quarto no Mundial. Agora voltou a vir uma medalha, e isso me dá um gás a mais, uma motivação a mais. Quando cruzei aquela linha e vi que estava em terceiro, foi uma sensação de alívio e de dever cumprido. Claro que a gente quer sempre mais, mas esse terceiro lugar foi maravilhoso", declara.

Além de Carlos Alberto, o Brasil também foi ao pódio com Victoria Maria de Camargo, bronze na corrida de estrada da classe C1 feminina com o tempo de 1h41min16s. Sabrina Custódia ficou em quarto lugar na C2, enquanto Amanda Antunes e Fabiana Ventura terminaram em oitavo (C3) e 12º (C5), respectivamente. No total, a delegação brasileira celebrou as conquistas de atletas como Jady Malavazzi, Gilmara Sol, Lauro Chaman e outros nomes fortes do paraciclismo nacional.

Carlos, que comemora mais um ano consecutivo na seleção, faz questão de agradecer à Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) pela confiança depositada. “Fico muito feliz e grato. Quando trago um resultado, é uma forma de mostrar que eles estão certos. Os trabalhos estão colhendo frutos.” Com os olhos voltados agora para a segunda etapa da Copa do Mundo, que será disputada na Itália, ele se mostra otimista. “Vou com mais confiança. Esse já é meu próximo objetivo: buscar outra medalha, e quem sabe, mais uma conquista com muita raça.”

Trajetória 

Diagnosticado aos seis anos com paraparesia espástica, uma condição que compromete a mobilidade da perna esquerda, Carlos Alberto Gomes Soares encontrou no ciclismo uma forma de fortalecer seu corpo e superar desafios. Iniciou sua trajetória no mountain bike, migrando para o paraciclismo em 2016. Desde então, acumula conquistas expressivas: é mais de 20 vezes campeão brasileiro nas modalidades de pista, estrada e contrarrelógio; possui seis medalhas em etapas da Copa do Mundo realizadas na Itália, Bélgica, Canadá e EUA; e participou dos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019 e Santiago 2023. Representou o Brasil nas Paralimpíadas de Tóquio 2020 e foi convocado para Paris 2024.

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