Os acidentes envolvendo colisões de veículos contra postes da rede elétrica continuam sendo motivo de preocupação em Goiás. Em 2024, o estado registrou cerca de 3.500 ocorrências, o que representa uma média de 10 postes abalroados por dia. Anápolis, um dos maiores municípios goianos, contribuiu para esse índice, com 102 casos registrados ao longo do ano.
Em 2025, apenas nos dois primeiros meses, o município já contabiliza 21 ocorrências, segundo levantamento da Equatorial Goiás. Os dados mais recentes da distribuidora apontam ainda 30 colisões em Anápolis até abril, número que posiciona a cidade entre as quatro com maior volume de acidentes desse tipo em todo o estado, atrás apenas de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Rio Verde.
Os danos causados por esse tipo de acidente vão além da substituição de postes e cabos. A interrupção no fornecimento de energia pode afetar hospitais, escolas, residências e comércios, além de representar risco iminente à vida de pedestres e ocupantes dos veículos envolvidos. De acordo com o gerente do Centro de Operações Integradas da Equatorial Goiás, Vinicyus Lima, o tempo médio para a substituição de um poste é de aproximadamente seis horas, mas esse prazo pode se estender significativamente em ocorrências mais complexas, sobretudo quando envolvem feridos ou exigem atuação prévia do Corpo de Bombeiros e das forças de segurança.
O levantamento da distribuidora também revela que os acidentes ocorrem com maior frequência entre sexta-feira e segunda-feira, especialmente durante a manhã, com pico entre 8h e 10h. As segundas-feiras lideram o número de registros, com 15,7% do total. Fins de semana e madrugadas também concentram ocorrências, muitas associadas ao consumo de álcool e direção. O perfil predominante dos condutores envolvidos é de homens jovens, entre 18 e 34 anos — faixa etária que lidera os índices de mortalidade e hospitalização em acidentes de trânsito no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde.
Um dos pontos mais preocupantes é a evasão dos locais do acidente. De cada dez colisões com postes, em apenas uma há identificação do motorista. Mais de 95% dos condutores abandonam a cena, o que dificulta a responsabilização pelos danos e onera a concessionária, que muitas vezes precisa assumir os custos da operação. Quando identificados, os motoristas são responsabilizados judicialmente, conforme previsto no Código Civil. A Equatorial também solicita à população que denuncie situações suspeitas ou forneça informações que ajudem a identificar os envolvidos.
A campanha “Desacelere. Seu bem maior é a vida”, desenvolvida pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), está sendo reforçada neste mês com apoio da Equatorial e da Prefeitura de Goiânia. A proposta é chamar atenção para os impactos coletivos da imprudência no trânsito e estimular práticas de direção segura. A recomendação da concessionária, em caso de queda de cabos, é clara: permanecer no interior do veículo, evitar contato com partes metálicas, manter distância de fios no chão e acionar imediatamente os canais de atendimento da empresa, disponíveis pelo site www.equatorialenergia.com.br, aplicativo oficial ou pelo número 0800 062 0196.