Para Gabriel Fernandes e Airton Fernandes, ir ao cinema é mais do que assistir a um filme — é uma experiência que envolve emoção, imersão e memória afetiva. Ambos compartilham o amor pela sétima arte, mas também fazem críticas importantes sobre as limitações do cenário cinematográfico em Anápolis, que conta hoje com duas opções: o Cine Mais, no Brasil Park Shopping, e o Cineprime, no Anashopping.
Gabriel Fernandes, servidor público, 25 anos, enxerga o cinema como uma extensão de si. “Minha relação com o cinema é algo muito pessoal, é uma relação de amor e admiração profunda por tudo que o cinema é capaz de passar e nos fazer sentir”, diz. Para ele, mesmo que hoje falte tempo para ir com frequência, a ida ao cinema representa uma escapada da rotina. Já Airton Fernandes, designer gráfico, 26 anos, é frequentador assíduo das salas. “Sou apaixonado por ir ao cinema desde muito novo. Pra mim, nunca foi só entretenimento, é uma verdadeira imersão”, afirma.
Em Anápolis, as experiências marcantes de ambos convergem em um ponto em comum: assistir aos filmes dos Vingadores com a sala lotada. “Vibrar junto com todo mundo como se estivéssemos em um estádio de futebol” é uma memória que Gabriel guarda com carinho. Airton completa: “A plateia vibrava a cada cena, aquela energia coletiva traz uma sensação única, quase como se todos estivéssemos vivendo aquele momento juntos”.
Apesar da paixão, os dois reconhecem que o cinema local tem limitações. O Cine Mais, no Brasil Park Shopping, oferece salas mais modernas, com poltronas confortáveis e boa estrutura de som e imagem. Já o Cineprime, no Anashopping, apresenta uma proposta mais econômica, mas com salas que, segundo frequentadores, carecem de modernização. “Algumas salas, inclusive, têm projeções escuras, o que compromete a experiência”, aponta Airton.
A questão da programação também é recorrente nas críticas dos dois entrevistados. “Gostaria que mais títulos viessem pra cá”, comenta Gabriel. Ele também sente falta de opções legendadas com áudio original. “Acho que tem pouco”, diz. Airton concorda e reforça: “Muitas vezes lançamentos alternativos ou premiados sequer chegam à cidade, o que limita muito quem busca por uma experiência cinematográfica mais diversificada”.
A diferença entre cinema e streaming também entra na discussão. Ambos reconhecem a praticidade das plataformas digitais, mas concordam que nada substitui a experiência da tela grande. “O cinema entrega algo a mais. É mais intenso, mais imersivo e vivo”, diz Airton. Gabriel resume: “A sensação do cinema é algo único, prefiro cinema”.
Outro ponto levantado por eles é a postura do público anapolino em relação à arte e cultura. “Acho que o público anapolino valoriza pouco a arte e cultura no geral, incluindo o cinema”, opina Gabriel. Airton acrescenta: “Hoje, o cinema ainda é visto mais como lazer do que como uma experiência artística e cultural. Falta incentivo à formação de público”.
Para melhorar o cenário, os dois apontam caminhos: mais sessões legendadas, modernização das salas, e uma programação mais diversa. Airton propõe ainda ações que envolvam a comunidade: “Incluir filmes independentes, nacionais menos comerciais, produções de festivais, sessões temáticas, debates e eventos especiais pode movimentar o cenário e atrair públicos diferentes”.