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Sem apoio, ABA desiste da LDB e vê sonho nacional adiado mais uma vez

Equipe de Anápolis não conseguiu patrocínio para arcar com os custos da maior competição de base do basquete brasileiro e ficará fora da edição de 2025

01/05/2025 13h00
Por: Janayna Carvalho
Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A Associação de Basquete de Anápolis (ABA) não participará da Liga de Desenvolvimento de Basquete (LDB) em 2025. Apesar do convite da Confederação Brasileira de Basketball (CBB), a equipe goiana esbarrou, mais uma vez, na falta de patrocínios para viabilizar sua presença na maior competição de base do país. O prazo para inscrição se encerrou no último mês, com taxa de R$ 32 mil, valor que a direção da ABA não conseguiu levantar, mesmo após diversas tentativas de angariar apoio no setor privado e buscar alternativas com o poder público.

De acordo com o técnico e presidente do clube, Moisés da Silva, os custos totais para disputar a LDB giram em torno de R$ 182 mil — somando a taxa de inscrição com o necessário para custear seis meses de participação, incluindo despesas com hospedagem, alimentação, transporte interno e elenco. “Temos que trazer jogadores e cobrir despesas com alimentação, hotel, transporte interno. A liga te dá 16 passagens (por jogo) depois do pagamento da inscrição. Faremos no mínimo 14 jogos, contra os melhores times do país, e não temos verba nenhuma”, lamenta.

O projeto já atua com escolinhas e categorias sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19, e o planejamento estava pronto. Faltou o essencial: recursos. “A comissão técnica está tranquila, pois seria formada. Nosso projeto está firme. Trabalhamos com as bases e o objetivo agora era ampliar e fortalecer o trabalho. Reapresentar o Estado de Goiás e levar o nome do município de Anápolis para o Brasil era nosso sonho”, destaca Moisés.

Segundo ele, um dos obstáculos tem sido o baixo engajamento com a modalidade e a pouca visibilidade que a competição ainda tem entre os próprios atletas. “Muitos desconhecem essa competição. O nível de interesse também é fraco. Mas a LDB é nacional, é onde se formam grandes atletas para o basquete brasileiro”, reforça o treinador.

Em 2024, a ABA já havia enfrentado situação parecida. Convidada a disputar o Campeonato Brasileiro de Basquete, a equipe também foi obrigada a declinar da participação por falta de patrocínio. Na época, o custo seria de R$ 15 mil para inscrição e mais R$ 500 mil para estrutura completa.

Para Moisés, a dificuldade em acessar recursos públicos é agravada pela burocracia e pela ausência de uma Secretaria de Esportes municipal estruturada. “Precisa virar Secretaria de Esportes para buscar autonomia. No seu formato atual, é difícil. A burocracia dos recursos trava tudo”, afirma. Sem o apoio necessário, ele diz que resta apenas seguir com o trabalho de base. “Continuaremos a trabalhar, não tem o que fazer. Continuar trabalhando é o segredo do sucesso.”

A LDB, que bateu recorde de participação em 2024 com 26 clubes, tem revelado nomes como Bruno Caboclo, Lucas Dias, Cristiano Felício, Yago Mateus e Georginho de Paula. No estado de Goiás, apenas a AEGB, de Goiânia, esteve presente na edição deste ano. A ausência da ABA representa mais do que a perda de uma vaga: é um retrato do quanto ainda se investe pouco no esporte de base fora dos grandes centros.

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