Em resposta à crise no sistema de saúde de Anápolis, o prefeito Márcio Corrêa (PL) e o secretário estadual de Saúde, Rasível dos Reis Santos Júnior, anunciaram nesta terça-feira (29) a adoção de um sistema único de regulação de vagas entre município e Estado. A medida foi confirmada após uma reunião a portas fechadas que durou mais de três horas e teve como foco principal a sobrecarga dos atendimentos e a necessidade urgente de reorganizar os fluxos de pacientes nas unidades públicas.
“A partir de segunda-feira, começaremos as tratativas com a Secretaria Municipal de Saúde para usar o mesmo sistema [de regulação do Estado]. Isso permitirá maior transparência e controle das filas de espera”, declarou o secretário.
Já o prefeito garantiu que a equipe de tecnologia da informação da Prefeitura já está preparada para viabilizar a integração. “Precisamos de eficiência na gestão e de um sistema de regulação integrado que evite conflitos e confusões com os pacientes”, reforçou.
O anúncio ocorre uma semana depois de o próprio prefeito admitir, em entrevista à TV Anhanguera, que a saúde da cidade enfrenta um “colapso”. A avaliação foi dada em meio a denúncias de pacientes aguardando atendimento em macas nos corredores das unidades de urgência e emergência, além de relatos sobre filas e falta de estrutura básica em postos de saúde. “Teve uma melhora, mas longe do que estamos buscando. Temos um colapso da urgência e emergência”, disse o prefeito na ocasião.
A crise na rede municipal levou à reunião com o titular da Secretaria Estadual de Saúde. Além do sistema único de regulação, foi prometida uma fiscalização técnica em todas as unidades de saúde de Anápolis que recebem recursos estaduais. “Vamos analisar o serviço prestado, identificar áreas que precisam de maiores investimentos e atuar em conjunto com o município”, garantiu Corrêa.
Ainda durante o encontro, Corrêa afirmou que pretende iniciar a ampliação do número de cirurgias de alta complexidade, como próteses de joelho e quadril, com apoio do governo estadual. Segundo Rasível, a Secretaria já destinou R$ 6 milhões para cirurgias eletivas em Anápolis e está investindo na expansão da Santa Casa local.
Demandas
Outro ponto abordado foi a reestruturação da UPA Central (antiga UPA da Mulher), cuja abertura já foi adiada mais de uma vez e agora está prevista para até 60 dias. Corrêa reafirmou que a unidade será fundamental para desafogar a UPA da Vila Esperança, hoje a única de portas abertas. Ele também prometeu iniciar, na sequência, a reforma da UPA Alair Mafra de Andrade. A maternidade municipal, por sua vez, passará por avaliação técnica da Secretaria Estadual para adoção de novos protocolos.
Sobre o SAMU, Corrêa declarou que “ainda é prematuro falar sobre a unificação”, mas adiantou que há um projeto do Estado em desenvolvimento que será apresentado aos prefeitos da macrorregião ainda neste semestre.
A reunião também foi marcada por uma preocupação compartilhada: a possibilidade de uma nova epidemia de dengue, com a chegada do sorotipo 3. “São Paulo teve muitos casos e é provável que tenhamos uma nova epidemia a partir de outubro. Mais de 80% dos focos do mosquito estão dentro das residências”, alertou Rasível. Ele também reforçou a necessidade de ampliação da cobertura vacinal contra a gripe.