O endurecimento das fiscalizações da Divisão de Posturas da Prefeitura de Anápolis acendeu um alerta entre músicos e donos de bares da cidade. Segundo relatos de artistas, como o músico Richardson Bastos, as abordagens têm gerado apreensão e colocado em risco o trabalho de centenas de profissionais ligados à vida noturna anapolina.
Em entrevista ao Painel DM, Richardson afirmou que a categoria não é contra a fiscalização, mas critica a forma como ela vem sendo conduzida. “Não somos contra as normas, mas é preciso ter diálogo. A fiscalização vem de forma brusca, sem aviso, multando e ameaçando paralisar shows. Isso assusta uma classe inteira”, disse.
O músico, que atua há anos na noite anapolina, relatou que a nova gestão intensificou a aplicação de multas e exigências de difícil cumprimento, como isolamento acústico imediato e recuos de calçada. Ele citou estabelecimentos que receberam autuações de até R$ 3 mil e lembrou que, para pequenos negócios, esses valores podem inviabilizar as apresentações ao vivo. "Estamos falando de famílias que dependem da música para sobreviver", ressaltou.
Além da preocupação financeira, Richardson questionou a falta de isonomia nas fiscalizações. “Será que só bares e músicos vão ser fiscalizados? E as igrejas, os outros estabelecimentos? Queremos tratamento igualitário”, cobrou.
Sem dados oficiais sobre o número de músicos e trabalhadores do setor cultural em Anápolis, os próprios artistas iniciaram um movimento para organizar a classe e dar mais visibilidade ao tema. A criação de uma associação foi proposta como forma de fortalecer a representação junto ao poder público.
“Não existe levantamento de quantos músicos atuam em Anápolis. É uma cadeia que movimenta bares, garçons, motoristas de aplicativo, ambulantes. E, sem música ao vivo, as pessoas saem daqui para se divertir em Goiânia”, lamentou.
A audiência pública convocada para esta segunda-feira (28), às 9h, busca abrir esse canal de diálogo. A expectativa é reunir Ministério Público, CDL, ACIA, Sindicato do Turismo e representantes da Ordem dos Músicos do Brasil, além da Divisão de Posturas. A iniciativa partiu do vereador Frederico Godoy (Agir), que tem acompanhado as reclamações da categoria.