Saúde SAÚDE

Câncer do colo do útero é silencioso e prevenção ainda é negligenciada, alerta médico

Mesmo com exames gratuitos e vacina contra o HPV, prevenção segue comprometida pela desinformação, segundo ginecologista

18/04/2025 18h00
Por: Lara Duarte
Foto: Reprodução / Papo de Garagem
Foto: Reprodução / Papo de Garagem

Durante o mês de abril, dedicado à conscientização sobre o câncer de colo do útero, o ginecologista e obstetra Danilo Almeida participou do programa Papo de Garagem para alertar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença. Na entrevista, o médico ressaltou que o exame Papanicolau, simples e gratuito, é essencial para identificar alterações celulares antes mesmo do desenvolvimento do câncer, especialmente em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Segundo o médico, o câncer de colo do útero pode ser prevenido em 100% dos casos, se for identificado precocemente. “Temos um exame capaz de prevenir essa doença, o Papanicolau. Ele identifica lesões precursoras antes mesmo de se tornarem câncer. É um exame gratuito, oferecido pelo SUS, e está disponível nas unidades básicas de saúde”, destacou.

O Papanicolau é considerado um exame simples, que pode ser realizado por profissionais capacitados, mesmo que não sejam ginecologistas. Ainda assim, o acesso à informação e a conscientização sobre a importância desse exame são deficientes no Brasil. 

“Falta informação. Antes, víamos campanhas com artistas famosas incentivando as mulheres a fazerem o exame. Isso diminuiu, e precisamos retomar esse movimento. Muitas mulheres sequer sabem que o exame está disponível gratuitamente”, afirmou Dr. Danilo.

Ele explicou que o câncer de colo do útero é causado, na maioria dos casos, por infecção pelo HPV, uma infecção sexualmente transmissível. O processo de evolução da doença pode levar anos, e é justamente nesse intervalo que o exame preventivo atua: detectando alterações iniciais e permitindo intervenções simples.

Por ser uma doença que não apresenta sintomas nas fases iniciais, o médico a classificou como “silenciosa”. “A mulher pode ter uma lesão causada pelo HPV, que evolui lentamente para o câncer. Se não houver o exame, essa evolução pode passar despercebida até ser tarde demais”, alertou.

Durante a entrevista, também foi abordada a importância da vacinação contra o HPV. No Brasil, a vacina é oferecida gratuitamente na rede pública para meninas de 9 a 14 anos, antes do primeiro contato com o vírus. Mesmo com a imunização, no entanto, o exame preventivo segue sendo essencial. 

“A vacina protege contra os subtipos mais perigosos do HPV, mas não elimina totalmente o risco. Por isso, a mulher vacinada ainda precisa fazer o Papanicolau”, explicou.

Dr. Danilo reforçou ainda que os meninos também devem ser vacinados, já que o HPV é transmitido principalmente pela via sexual. A vacinação dos meninos contribui para reduzir a circulação do vírus e, consequentemente, protege toda a sociedade.

Além da vacinação e do exame preventivo, o médico falou sobre outros hábitos que ajudam na prevenção da doença. “Educação em saúde é fundamental. Reduzir o número de parceiros sexuais, usar preservativo e buscar informações corretas sobre ISTs são atitudes que ajudam a diminuir o risco de contaminação”, disse.

Ao final da entrevista, Dr. Danilo fez um apelo para que as mulheres não deixem de fazer o exame preventivo. “O câncer de colo do útero pode matar. E o mais triste é que é uma morte evitável. Se a mulher faz o exame todo ano, conseguimos intervir antes que a doença avance. Quando descoberto tardiamente, o tratamento é mais agressivo, com quimioterapia, radioterapia e cirurgias mutilantes. É muito sofrimento que poderia ser evitado com um exame simples”, finalizou.

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