Política COTA DE GÊNERO

Federação recorre de decisão que rejeitou cassação da chapa do Podemos

Presidente da federação afirma que ações sobre cota de gênero costumam ter decisões conservadoras em primeira instância e reforça expectativa de julgamento no TRE-GO

18/04/2025 08h00
Por: Emilly Viana
Foto: Youtube / DM Anápolis
Foto: Youtube / DM Anápolis

A Federação Brasil da Esperança vai recorrer da decisão que rejeitou o pedido de cassação da chapa de vereadores eleita pelo Podemos em Anápolis. A confirmação foi feita ao programa DM Anápolis desta quinta-feira (17) pelo advogado e presidente municipal da federação, Rafael Barreto. A ação foi movida por quatro partes: a própria federação, o PDT, a ex-candidata Marcela Pimenta e o Ministério Público Eleitoral (MPE).

Segundo Rafael Barreto, o grupo já esperava que o julgamento se estendesse para além da primeira instância. Ele reforça que a federação pretende apresentar recurso dentro do prazo legal, para que o caso seja reanalisado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO).

“Nós ainda temos, portanto, duas instâncias que vão apreciar essa essa ação de investigação judicial eleitoral e com toda a certeza nós devemos apresentar o recurso ao TRE dentro do prazo legal para que ele possa ser julgado já na Tribunal Regional Eleitoral em uma expectativa de que venha a ser revisado neste tribunal”, declarou.

O processo trata de uma denúncia por suposta fraude à cota de gênero na composição da chapa do Podemos nas eleições de 2020. A acusação é de que uma candidatura feminina teria sido lançada apenas para cumprir a exigência legal de participação mínima de mulheres nas chapas proporcionais, sem a real intenção de disputar o pleito. 

“Ao nosso entender, de fato, existiu ali fraude à cota de gênero, consistente no lançamento de uma candidatura com a única intenção de que ela cumprisse a cota de gênero ali sem que ela fosse efetivamente candidata”, afirmou Rafael Barreto.

A decisão em primeira instância foi proferida pelo juiz Gabriel Consigliero Lessa, da 3ª Zona Eleitoral de Anápolis. Ele rejeitou os pedidos e manteve os mandatos dos vereadores eleitos pelo partido. O Ministério Público Eleitoral, que inicialmente havia participado da ação por meio do promotor Luis Fernando Abreu, opinou contra a cassação nas alegações finais — já sob responsabilidade do promotor Eliseu Belo, o que causou estranhamento entre os demais autores do processo.

O presidente da Federação Brasil da Esperança considera que decisões de primeiro grau em casos envolvendo cota de gênero tendem a ser mais cautelosas. “Eu não diria que foi uma surpresa porque as decisões de primeira instância nas ações de investigação judicial eleitoral que tratam da cota de gênero, elas tendem a ser mais conservadoras na primeira instância”, disse.

Ele cita ainda casos semelhantes em outras cidades, como Goiânia, onde a cassação de oito vereadores por fraude à cota de gênero foi revertida apenas nas instâncias superiores. “Tivemos oito vereadores que foram cassados em Goiânia. Eu tive a felicidade de atuar em parte desse processo, e todos nós perdemos na primeira instância. Então, de fato, isso não nos assusta, não nos incomoda e faz parte do processo”, afirmou.

O PDT e a ex-candidata Marcela Pimenta também devem entrar com recurso, segundo apuração do DM Anápolis. Já o Ministério Público Eleitoral, por ter se posicionado contra a cassação nas alegações finais, não deve recorrer.

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