Estagiários contratados pela Prefeitura de Anápolis em fevereiro denunciam que seguem há dois meses sem receber pagamento. Os relatos apontam que muitos deles iniciaram as atividades em secretarias municipais antes mesmo da formalização contratual, sob autorização da então diretora jurídica da Assistência Social, Jordana de Faria Pena, hoje titular da pasta. Mesmo após a assinatura dos contratos, os estudantes seguem sem repasse da bolsa-auxílio e relatam frustração com a falta de respostas da gestão.
“Iniciei na Prefeitura no começo de fevereiro. Naquele momento, a Gerência de Projetos enfrentava um desafio da gestão anterior: os estagiários não haviam recebido o salário de dezembro. Após dois meses, o valor foi pago. Mas o descaso começou ali. Os estagiários operaram sem contrato. Depois, só com muito custo conseguimos regularizar os contratos, após o dia 10 de março. Os dias anteriores não serão pagos, foram negociados como folga”, denunciou um estudante que atua na área da Assistência Social.
Ainda segundo os relatos, desde o fim de março há questionamentos recorrentes sobre o pagamento. “Sempre dizem ‘na próxima semana’, mas estamos em 16 de abril e ainda não vimos nada”, contou.
A situação tem gerado impacto direto na vida pessoal e acadêmica de diversos estudantes. “Sem pagamento, trabalhando há dois meses, gastando com transporte e agora sem resposta. É desumano. A mensalidade da faculdade está atrasada e a prova é semana que vem”, relatou outro estudante da área da Educação. “Sem pagamento é impossível continuar com o estágio”, completou.
A empresa responsável por gerenciar o programa de estágio é a Recrutamento e Seleção Brasil Ltda., vencedora de processo licitatório iniciado ainda na gestão de Roberto Naves (Republicanos). O contrato com valor global de R$ 5,5 milhões foi assinado pela atual gestão em 5 de fevereiro deste ano e tem vigência até 31 de dezembro. O serviço prestado pela empresa compreende a operacionalização completa do programa de estágio na administração municipal.
Segundo o portal da transparência, a empresa declarou faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 1,8 milhão — bem inferior ao valor contratado em Anápolis. Embora o prefeito Márcio Corrêa (PL) tenha feito críticas recorrentes à gestão anterior e apontado supostas irregularidades em contratos firmados por Roberto Naves, optou por manter a contratação da empresa realizada pela então secretária de Integração, Eerizania Freitas.
A reportagem do DM Anápolis entrou em contato com a Prefeitura e com a Recrutamento e Seleção Brasil Ltda., solicitando nota oficial sobre a previsão de pagamento, os motivos do atraso e a situação contratual dos estagiários. Até o momento, não houve resposta.
Estagiários ouvidos afirmam que um grupo avalia entrar com ação judicial por danos morais.