Anápolis

Páscoa nas Igrejas Protestantes de Anápolis celebra a esperança da ressurreição

Com cultos ao amanhecer e encontros de fé, evangélicos da cidade vivem a Páscoa com emoção, reverência e foco na ressurreição de Cristo

16/04/2025 13h00
Por: Lara Duarte
Foto: Culto da Ressurreição / Instagram Igreja Vida Nova
Foto: Culto da Ressurreição / Instagram Igreja Vida Nova

A Páscoa, um dos feriados mais importantes do calendário cristão, é celebrada por milhões de pessoas no Brasil. Em Anápolis, onde há uma expressiva presença de igrejas protestantes históricas e evangélicas, o feriado vai além dos símbolos populares como ovos de chocolate e coelhos.  Ele carrega um significado profundo de fé e renovação.

Na tradição protestante, a Páscoa é vista como o ponto central da fé cristã: a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Embora a celebração não tenha procissões ou rituais como em outras tradições , os protestantes vivem a data com reverência, culto e emoção.

Para entender como a Páscoa é vivida nesse contexto, conversamos com o pastor presbiteriano, teólogo e filósofo Hugo Leonardo B. Machado. Com sensibilidade e profundidade, ele compartilha como a data foi moldando sua fé desde a infância. 

“Cresci ouvindo que Páscoa era mais que ovos de chocolate, mais que coelhos apressados em vitrines coloridas. No banco de madeira da igreja presbiteriana onde minha fé foi moldada, aprendi que a Páscoa é o grande coração do evangelho — a cruz erguida e o túmulo vazio, mistério e milagre entrelaçados. Ali, entre cantos simples e sermões sinceros, entendi que a ressurreição não é apenas um dogma, mas um escândalo de esperança", lembra. 

Hugo também destaca as diferenças nas formas de celebração entre católicos e protestantes, ressaltando que, apesar das distinções, o foco permanece o mesmo. "Para nós, protestantes, a Páscoa é o eixo. Não celebramos com velas em procissões ou encenações dramáticas nas praças, como muitos irmãos católicos. Mas, se nos despirmos das formas, veremos que nossos olhos estão voltados para o mesmo Cristo crucificado e ressuscitado. A diferença está no gesto; o coração, porém, pulsa o mesmo amor", conta. 

Relembrando uma de suas pregações, ele fala da história de Maria Madalena no túmulo vazio e como ela simboliza a busca de todos nós: “Recordo uma manhã de Páscoa em que preguei sobre Maria Madalena correndo ao túmulo. Na pressa dela, vi a pressa de todos nós. Corremos para entender, para crer, para viver. E ali, na voz do Mestre chamando-a pelo nome, compreendi que a Páscoa é profundamente pessoal. Não se trata apenas do que Cristo fez por todos, mas do que Ele fez por mim, por você. Ressurreição é intimidade restaurada.”

O pastor também responde a uma percepção comum sobre os protestantes: a ideia de que sua fé é fria ou puramente racional. Para ele, a emoção da Páscoa toca igualmente a todos os cristãos.  “Muitos imaginam que protestantes têm uma fé fria, cerebral. Mas nesse tempo pascal, nossas lágrimas correm com a mesma força. Também nos calamos diante do ‘consummatum est’ da sexta-feira e nos alegramos no ‘Ele vive’ do domingo. Nossas igrejas se enchem de flores, de cantos, de leituras dos evangelhos. Não temos jejuns oficiais ou liturgias antigas, mas carregamos a mesma reverência pelo mistério pascal", reflete. 

Para além das diferenças denominacionais, Hugo vê a Páscoa como um ponto de encontro entre todos os que creem e até os que ainda buscam. “A Páscoa nos irmana. Une católicos, protestantes e até aqueles que ainda buscam. Porque a ressurreição não cabe num rótulo e não se limita a uma tradição. Ela irrompe como o sol num túmulo escuro. E nos convida — a todos — a viver como ressuscitados".

E conclui com uma reflexão sobre a mensagem de recomeço que a data carrega:

“Talvez seja isso que mais me encanta na Páscoa: a possibilidade de recomeços. A cruz foi erguida num mundo rachado, e a ressurreição brotou como uma ponte entre o céu e a terra. Católicos e protestantes, com todas as diferenças, ainda nos ajoelhamos diante do mesmo túmulo vazio. E, no fim, é isso que importa. Porque no Domingo da Ressurreição, Ele chama pelo nome — e todo aquele que ouve e responde, vive."

Programação especial em Anápolis

A programação especial de Páscoa também faz parte da tradição protestante anapolina. Igrejas das mais diversas denominações realizam cultos comemorativos, momentos de oração e celebração comunitária.

Na Igreja de Cristo Vida Nova, localizada no bairro Maracanã, será realizado o Culto da Ressurreição às 5h da manhã do domingo de Páscoa, reunindo fiéis em um momento simbólico de adoração logo ao nascer do sol.

Outro destaque da agenda pascal é o CIBEG Vale do São Patrício, que acontece no dia 19 de abril, das 8h às 18h. O evento, liderado e organizado por Miss Raquel Antonelli, será promovido pela Confederação das Irmãs Beneficentes Evangélicas de Goiás (CIBEG), entidade conhecida por reunir mulheres cristãs em congressos, encontros e ações sociais. A programação terá como propósito edificar a fé, incentivar o serviço cristão e promover a comunhão entre as participantes e também fará menção especial ao significado da Páscoa.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.