Esportes CUIDADO REDOBRADO

Especialista explica por que atletas amadores se lesionam mais que os profissionais

Fisioterapeuta da Anapolina, Cícero Júnior alerta para os riscos da prática esportiva sem orientação e ensina como prevenir lesões com estratégias simples e eficazes

13/04/2025 12h04
Por: Janayna Carvalho
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

A rotina de atletas amadores pode parecer leve à primeira vista, mas segundo o fisioterapeuta Cícero Júnior, da Associação Atlética Anapolina, a falta de planejamento e cuidado com o corpo torna esse grupo ainda mais propenso a lesões do que os profissionais. A ausência de preparação física adequada, a negligência com os sinais do corpo e a execução errada de técnicas são apenas alguns dos fatores que elevam o risco de lesões sérias em quem pratica esportes como futebol e corrida de rua de forma recreativa, mas sem o devido acompanhamento.

De acordo com o especialista, um dos erros mais recorrentes está na falta de respeito aos próprios limites. Muitos atletas amadores seguem treinamentos desorganizados e ignoram sinais de fadiga muscular. A sobrecarga contínua, somada à ausência de descanso entre os treinos, acaba resultando em lesões que poderiam ser evitadas. “Eles deixam a sobrecarga tomar de conta, gerando fadiga muscular que vai evoluir para lesão. E ainda fazem movimentos errados sem supervisão, o que sobrecarrega articulações e musculaturas”, explica.

Outro fator determinante e ainda ignorado por muitos praticantes é a ausência de um bom aquecimento antes da atividade física. Cícero destaca que o aquecimento adequado é fundamental para preparar músculos e articulações, reduzindo significativamente o risco de lesões. “Estudos recentes mostram que o aquecimento pode reduzir em até 50% o risco de lesões. Ele prepara o corpo para as demandas do exercício, por isso é essencial não ignorar essa etapa”, enfatiza.

A recomendação do fisioterapeuta para quem pratica é clara: realizar aquecimentos e alongamentos dinâmicos antes da atividade, investir em fortalecimento muscular de regiões como core, quadríceps, isquiotibiais, glúteos e panturrilhas, treinar a técnica correta de movimentação e, acima de tudo, garantir o tempo necessário para recuperação. “Hidratação e sono também são pilares. A qualidade do sono, por exemplo, impacta diretamente na forma como o corpo responde ao exercício”, diz.

No que diz respeito ao tipo ideal de alongamento, ele afirma que o dinâmico deve ser priorizado no pré-treino por preparar o corpo em movimento. Já o alongamento estático pode ser utilizado no pós-treino, com foco na flexibilidade e na redução da tensão muscular, principalmente nas áreas mais exigidas durante a prática esportiva.

Cícero também ressalta a importância do fortalecimento muscular como ferramenta de prevenção. Segundo ele, músculos mais fortes contribuem para a estabilidade articular, ajudam na distribuição da força e evitam sobrecargas. O fortalecimento do core, por exemplo, auxilia na estabilidade do tronco e previne dores na coluna. Já o trabalho nos quadríceps e isquiotibiais é fundamental para proteger os joelhos e evitar rupturas de ligamentos. Panturrilhas e tornozelos fortalecidos ajudam a evitar entorses e condições como a síndrome do estresse tibial.

Questionado sobre o tipo de dor que nunca deve ser ignorada, o fisioterapeuta é categórico ao afirmar que dores agudas, repentinas ou persistentes, que dificultam a realização de atividades básicas como caminhar ou levantar objetos, merecem atenção imediata. “A dor intensa no joelho, tornozelo ou coluna pode indicar lesões sérias. Não é prudente postergar a busca por ajuda médica”, alerta.

Ele ainda diferencia as dores comuns do esforço físico daquelas que indicam o início de uma lesão. Enquanto a dor do esforço costuma ser difusa, passageira e relacionada ao acúmulo de ácido lático, a dor do início de uma lesão é mais aguda, localizada e persistente. “Ela piora com a continuidade da atividade e pode alterar até a mecânica corporal. Um exemplo clássico é o estiramento de isquiotibiais em jogadores que dão piques rápidos. A dor aparece na hora e indica que algo mais sério aconteceu”, conclui.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.