Anápolis DIAGNÓSTICO

Cem dias de Márcio Corrêa têm improvisos e projetos para moradia e Centro

Gestão do prefeito até aqui foi marcada por atropelos e pouco planejamento

10/04/2025 08h00 Atualizada há 3 semanas
Por: Rafael Tomazeti
Foto: Paulo de Tarso
Foto: Paulo de Tarso

Os primeiros 100 dias do governo Márcio Corrêa (PL), primeiro grande marco temporal do novo gestor, trouxeram uma nova dinâmica à cidade. Somente no primeiro mês, foram mais de 30 anúncios, praticamente todos via Instagram, canal de comunicação preferido pelo prefeito. 

Ao longo de fevereiro, março e abril, vieram e outros que elevaram a expectativa da população. O mais sensível deles, claro, as 6,5 mil casas populares subsidiadas pela prefeitura. Este está em fase embrionária, de diálogo com a Agência Goiana de Habitação (Agehab), e sem nenhum detalhe além do próprio anúncio. Muitas das comunicações, inclusive, tiveram este perfil. 

O tempo é exíguo para grandes realizações, e o momento é de planejar. De grandes projetos, no entanto, não houve mais que duas publicizações. Das ações macro divulgadas pela gestão, além do programa habitacional intitulado ‘Construindo Sonhos’, há apenas a requalificação do Centro, cujo pré-lançamento se deu na segunda-feira (7), quando prometeu-se, para esta semana, a publicação do edital que contratará a empresa responsável pelo projeto arquitetônico. 

A saúde, tema principal da última eleição, concentrou muitas das ações mais efetivas do prefeito. No primeiro dia, houve a abertura do Hospital Municipal Alfredo Abrahão para pequenas cirurgias e traumas, num movimento que estava programado pela Funev desde o ano passado, quando a OS assumiu a gerência da unidade. Também houve a mudança da OS gestora da UPA Alair Mafra, na Vila Esperança, numa noite programada em roteiro, com uso de aparato militar, coletes refletivos e muitas câmeras. 

A retomada das cirurgias eletivas, bem como das intervenções cardíacas e os procedimentos de catarata são algumas das ações mais efetivas. Milhares de anapolinos aguardavam há muito tempo na fila para o atendimento. Hoje, esses números, senão zerados, são muito menores. 

No aspecto negativo, fica o fechamento da – agora finada – UPA da Mulher Anapolina, que passará a ser UPA Central, ou seja, de atendimento geral. Ela teve as portas fechadas em 1º de janeiro, após cerca de 3 mil atendimentos no período em que funcionou, em dezembro. Também não foi inaugurado o Hospital Municipal Georges Hajjar, que figura como ator importante no desenho da rede de saúde, e oferecerá, quando aberto, um centro de internação, para que cenas com corredores lotados de pacientes internados não sejam mais vistas.

Atropelos e improvisos 

Nos 100 primeiros dias, houve muitos improvisos e atropelos. O primeiro deles, que causou grande repercussão, foi o anúncio de 2,5 mil novas vagas na educação infantil. Esse número, evidentemente, seria impossível para tão pouco tempo, uma vez que o único CMEI novo na rede era o do Parque dos Pirineus, inaugurado em dezembro. 

Várias mães, à época da abertura das inscrições, lotaram a Secretaria Municipal de Educação, mas não acharam vagas, pois elas não existiam. Houve muita revolta e o primeiro desgaste do prefeito. 

Os atropelos se seguiram com anúncios precipitados, em vídeos de intento de viralização. Um deles sugeria que as secretarias que estavam em prédios alugados poderiam ser instaladas no edifício-garagem do Centro Administrativo Adhemar Santillo. A medida feriria determinações do Plano Diretor e não foi levada adiante. 

Também houve precipitação num anúncio não concretizado de interdição do antigo Centro Administrativo. Num vídeo, o gestor mostrou problemas estruturais e afirmou que o local estaria interditado de imediato. Nunca aconteceu. 

Os improvisos ficaram evidentes na correria por ações mínimas na mobilidade, como a construção de uma interseção na Rua Dona Andrelina, na tentativa de desafogar o trevo do Recanto do Sol. O local só fica aberto com a intervenção da CMTT e não causou o impacto desejado. 

Das 18 obras paralisadas em janeiro, apenas uma foi retomada, justamente a da trincheira do Recanto do Sol. No entanto, demorou-se quase três meses para a liberação da obra. A justificativa é de que há auditorias em andamento.

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