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Anápolis tem segunda maior população de refugiados em Goiás

São mais de 2,5 mil pessoas nesta condição, a maioria venezuelanos e haitianos, segundo levantamento

31/03/2025 10h00
Por: Rafael Tomazeti
Foto: Marcelo Camargo/EBC
Foto: Marcelo Camargo/EBC

Anápolis é dona da segunda maior população de refugiados de Goiás. É o que apontam dados do Observatório das Migrações. São 2.646 moradores nesta condição, o que representa 13,4% do total do estado - avaliado em 19.748. O município fica atrás apenas de Goiânia, com 40%, e à frente de Aparecida de Goiânia, com 10%. Ainda há populações refugiadas relevantes em Valparaíso de Goiás (3,2%) e Rio Verde (2,3%).

Conforme o levantamento, os refugiados são 65% homens e 35% mulheres. As principais nacionalidades são venezuelana (19,5%), haitiana (18,2%) e colombiana (9,5%).

O município viveu duas fortes ondas migratórias recentes nos últimos 15 anos, com a chegada dos haitianos - boa parte absorvida pela força de trabalho e muitos como ambulantes, no Centro - e venezuelanos, que estão por várias partes da cidade e enfrentam problemas de integração. Os refugiados sul-americanos, inclusive, são parcela importante de pedintes no município.

Políticas públicas

Com o objetivo de proporcionar uma execução unificada das políticas públicas entre os órgãos estaduais, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds) lançou, na última quinta-feira (27), o 1º Plano Estadual de Políticas Públicas para Refugiados, Migrantes e Apátridas.

Uma das finalidades do documento é também facilitar o acesso à informação e à integração dos órgãos municipais e da sociedade civil.

A iniciativa contou com a parceria de diversas entidades governamentais, como a Agência Goiana de Habitação (Agehab), as Secretarias de Estado da Cultura (Secult), de Educação (Seduc), da Saúde (SES), da Retomada, e a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Outro parceiro do projeto foi a Agência da ONU Para Refugiados (Acnur), órgão internacional que luta para assegurar os direitos e o bem-estar das pessoas que foram forçadas a deixar suas casas.

O secretário de Desenvolvimento Social, Wellington Matos, explica que o plano representa um marco importante na promoção dos direitos dessa população, “além de reconhecer o papel do governo estadual na formulação de políticas públicas sustentáveis que buscam integrar essas comunidades”. A iniciativa também facilita o acesso à regularização, à assistência social, aos benefícios e à participação em programas governamentais.

Com o lançamento do plano, Goiás se torna o 5º estado brasileiro a desenvolver políticas públicas voltadas para refugiados, migrantes e apátridas. Anteriormente, apenas os estados do Rio Grande do Norte (RN), Rio de Janeiro (RJ), além da cidade de São Paulo (SP) e o município de Juiz de Fora (MG), haviam implementado ações coordenadas para essa população.

De acordo com o secretário, a acolhida e a integração dessa população não é apenas uma responsabilidade do poder público, mas de toda a sociedade. "Este plano é, portanto, um convite para que municípios, organizações da sociedade civil, setor privado e toda a população goiana se unam nessa jornada de acolhimento, respeito e promoção de direitos", comenta.

A elaboração do plano estadual é o primeiro passo para a definição de deveres, responsabilidades e ações práticas por parte de todos os entes envolvidos. "É uma ação necessária, fundamental para o processo de acolhida, de cidadania, de inclusão, de acesso aos direitos pela população refugiada e população migrante", declarou o representante da Acnur no Brasil, Paulo Sérgio de Almeida. 

A criação do plano teve início com Decreto 9.603/2020, que instituiu o Comitê Estadual de Atenção ao Migrante, Refugiado e Apátrida, Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Erradicação do Trabalho Escravo no Estado de Goiás (Comitrate-GO). O comitê foi incumbido de realizar audiências com a sociedade civil, órgãos governamentais e ouvir propostas para o desenvolvimento de ações voltadas para essa população.

Também foram formados grupos de trabalho com representantes de diversos órgãos estaduais para promover a integração de serviços, com o objetivo de facilitar o acesso à assistência ou à regularização daqueles que necessitam. As secretarias envolvidas no processo analisaram as propostas existentes e propuseram melhorias, incorporando-as à construção do plano estadual. Com menos de um ano de trabalho, o projeto foi finalizado, e agora Goiás celebra o lançamento de seu primeiro plano de políticas públicas para refugiados, migrantes e apátridas.

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