A construção da nova pista de cargas no Aeroporto de Anápolis deve demandar R$ 250 milhões, conforme estimativa da própria Infraero, repassada à Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra). O valor inclui tanto a recuperação do passivo ambiental causado pela intervenção no Córrego Extrema, que atravessa a área da pista, quanto a obra de ampliação para comportar aeronaves de grande porte.
De acordo com a Goinfra, desde a federalização do terminal, em julho de 2024, a expectativa era de que a estatal assumisse toda a operação, incluindo o terminal de passageiros e o novo polo de cargas. No entanto, a Infraero afirmou que não investirá na pista enquanto as pendências ambientais não forem resolvidas. O trecho foi aterrado em gestões anteriores, sem a devida drenagem, o que causou um processo de erosão e travou a homologação da estrutura.
Apesar da sinalização de rompimento por parte do governo estadual, o deputado federal Rubens Otoni (PT) garantiu que não há intenção de desfazer o contrato com a Infraero. Segundo ele, o vice-governador Daniel Vilela garantiu que a gestão está disposta a discutir a operação com a estatal, mas sem retirar a concessão federal. “Não dá para cobrar da Infraero em poucos meses o que o Estado não conseguiu fazer em 20 anos”, afirmou ao DM Anápolis.
Já interlocutores do Palácio das Esmeraldas relatam que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) tenta abrir diálogo com o governo federal para discutir o futuro do terminal e cobrar o cumprimento do acordo firmado no ano passado, que previa a gestão integral do aeroporto pela Infraero, incluindo os investimentos na pista de cargas.
Enquanto isso, a cobrança de tarifas aos permissionários do aeroporto permanece como outro ponto de questionamento por parte do Estado. A reclamação é que a Infraero estabeleceu valores similares aos praticados em grandes terminais do país, com cobrança de até R$ 60 mil mensais por hangar, mesmo sem novos investimentos. Ainda assim, a estatal diz que segue avaliando “de forma técnica e criteriosa” a viabilidade da operação de cargas, desde que as exigências ambientais sejam cumpridas.
A situação do Aeroporto de Anápolis entrou em debate após o ex-vereador Leandro Ribeiro revelar em fevereiro que a Infraero comunicou oficialmente, por meio de um ofício enviado à Goinfra, que não realizaria investimentos na estrutura enquanto as pendências ambientais não fossem resolvidas. O principal entrave apontado pelo governo estadual é a pista de cargas, construída sobre o Córrego Extrema, o que gerou um passivo ambiental sem solução viável.
Diante desse cenário, o subsecretário de Prospecção e Investimento da SIC defendeu que o Estado retomasse a gestão do aeroporto e rompesse o contrato com a Infraero. Ele argumentou que a estatal não cumpriu as expectativas em relação à operação do terminal e destacou que a cobrança de taxas elevadas aos permissionários foi feita sem que qualquer investimento fosse realizado.