O tempo passou, o futebol evoluiu e a cidade de Anápolis cresceu, mas algumas memórias permanecem intactas. Aos 67 anos, Carlos Roberto Neto, conhecido como Beto do Gás, ainda guarda na lembrança cada detalhe do título estadual conquistado pelo Anápolis em 1965. Na época, com apenas sete anos, ele acompanhou todos os jogos ao lado do pai e viu de perto o momento histórico que marcou a cidade.
"Eu acompanhava porque tinha sete anos de idade na época. Meu pai me levava a todos os jogos, fora os treinamentos que a gente também ia assistir. Acompanhei todos os jogos de 65 na disputa aqui dentro do campo em Anápolis. Eu lembro até o lugar onde estava sentado. Só tinha cobertura em um pedaço da arquibancada, da quinta bancada para cima. Eu dava três passos para o meio, era ali que eu ficava com meu pai. Nunca esqueci. Muita coisa fica na cabeça da gente. Era muito pequeno, mas lembro de quase tudo daquela época", relembra.
O cenário do futebol anapolino era diferente. O estádio, ainda que pequeno, estava sempre cheio, e a rivalidade local movimentava a torcida. "A gente não pode comparar 65 com agora. Anápolis cresceu muito, mas naquela época já tínhamos muito torcedor. Os times grandes eram Anápolis e Ipiranga. A Rubra tinha poucos torcedores na época. Mas o estádio praticamente ficou cheio naquele campeonato. Meu pai me passava o que era mais certo, então ficou algo muito importante gravado na minha vida", conta.
Entre as lembranças mais vivas, estão os nomes que entraram para a história do clube. "Teve o Deca, que fez o gol da vitória, tinha o Parrila, e o Eudécio. Eram muitos jogadores que ficaram marcados com essa vitória de 65. Presenciamos todos os jogos. Meu pai me levava em todas as partidas fora de casa também. Então, não para mim, ficou marcado. Assim como, se Deus quiser, esse campeonato de 2025 também vai ficar."
Ao olhar para o Anápolis atual, Beto evita comparações e reconhece a entrega da equipe na busca pelo título. "Hoje não posso falar que tem diferença. O jogador do Anápolis está jogando com uma garra tão grande que a gente não pode dizer que o time de 65 fez mais coisa. A experiência dos jogadores é muito diferente. Temos que valorizar 65 pelo jeito de jogar, mas o futebol mudou. Até a torcida de hoje faz parte dessa nova história."
O torcedor revive os momentos da decisão e destaca o papel fundamental da arquibancada. "Na final, perdiamos de 2 a 0 e conseguimos empatar no fim. A torcida fez parte disso. Foi um título inesquecível." Se o destino reservar ao Anápolis uma nova conquista neste ano, diante do Vila Nova, dentro do Serra Dourada, certamente, Beto do Gás estará lá, acompanhando e guardando na memória mais um capítulo da história do futebol goiano.