Cultura TRADICIONALISMO

Hábito do ouvinte anapolino mantém força do rádio local

Mesmo com o crescimento dos podcasts e streaming, o rádio continua presente no cotidiano dos moradores de Anápolis, garantindo informação, entretenimento e conexão com a cidade

20/03/2025 16h00 Atualizada há 1 mês
Por: Lara Duarte
Foto: Daniel Oliveira
Foto: Daniel Oliveira

Na era do digital, em que plataformas de streaming e redes sociais dominam o consumo de mídia, o rádio segue firme como um dos meios de comunicação mais acessíveis e relevantes em Anápolis. A tradição resiste ao tempo e se adapta às novas tecnologias, mantendo sua audiência fiel e conquistando novos ouvintes.

O cenário nacional confirma essa força. Segundo o portal de estatísticas Statista, 80% dos brasileiros ouvem rádio pelo menos uma vez por semana, um número expressivo que supera o consumo de plataformas digitais em diversas regiões. Além disso, em cidades menores, como Anápolis, o rádio continua sendo uma presença marcante, promovendo informação local, entretenimento e interação com a comunidade.

Essa proximidade é um dos principais fatores que mantém o meio vivo. Para o jornalista Israel Artiaga, a relação entre rádio e ouvintes vai além da informação: “O rádio nos aproxima da realidade, além de ser um veículo de fácil acesso. O rádio é apaixonante, ficamos bem informados, ouvimos músicas que em qualquer momento do dia trazem um sentimento muito bom. Além de tudo, o rádio é o amigo presente e uma presença cativante há décadas”.

Os dados reforçam essa conexão. De acordo com o IBGE, 92% dos lares em cidades com menos de 50 mil habitantes possuem um rádio, mostrando que, mesmo com o avanço das tecnologias digitais, o aparelho segue relevante para muitas famílias.

A experiência auditiva proporcionada pelo rádio também atrai ouvintes que buscam um consumo mais espontâneo e dinâmico. A universitária Geovana Santos compartilha sua motivação: “Comecei a escutar rádio porque queria sentir a sensação de escutar uma música que não fui eu quem escolheu”, conta.

Já o biólogo Luan Henrique destaca o lado humano e nostálgico do meio: “Gosto de ouvir porque me aparenta ser mais humanizado, ainda mais quando estamos sozinhos no carro ou em casa. Ter a voz do locutor sempre ajuda! Sem contar no valor nostálgico e a sensação de casa”. 

Outro ponto que reforça a presença do rádio no cotidiano anapolino é sua capacidade de adaptação ao ambiente digital. Muitas emissoras já transmitem simultaneamente por aplicativos e sites, permitindo que os ouvintes acompanhem a programação em qualquer lugar. Esse modelo híbrido tem sido adotado por cerca de 30% das rádios brasileiras, segundo estimativas do setor.

Para a jornalista Bruna Ariadne, a força do rádio está na sua versatilidade e proximidade com o público: “O rádio continua sendo uma fonte relevante de informação e entretenimento para os anapolinos por diversos fatores. Primeiro, sua acessibilidade permite que ele alcance tanto áreas urbanas quanto rurais, sem depender de internet ou dispositivos modernos. Além disso, ele oferece informação em tempo real e fortalece a conexão com a comunidade”.

A diversidade da programação também é um diferencial. O biólogo Matheus Ferreira revela seu hábito de sintonizar rádios locais quando viaja de carro: “Gosto de escutar rádios locais quando estou viajando de carro para saber das fofocas, pro tempo passar, para saber como é o sotaque e a cultura, e até para ver as tretas políticas”. 

O impacto do rádio no dia a dia dos trabalhadores também é significativo. O motorista de aplicativo Alessandro Silva conta que prefere ouvir rádio enquanto trabalha: “É mais variada a programação. Além das músicas, os radialistas falam com a gente. A gente acaba descobrindo coisas novas, fica sabendo de coisas da cidade. Além disso, sempre acabo descobrindo uma música nova, que não seja tão conhecida assim e que no meu pen drive eu não tenho”. 

Mesmo com o avanço das novas tecnologias, a tradição do rádio se mantém forte em Anápolis. O aposentado José Francisco reforça essa ideia ao contar sobre seu programa favorito: “Eu gosto de reportagem, gosto de programa de música sertaneja, inclusive o programa da São Francisco. É porque me mantém informado.”

Na visão de Bruna, a fidelidade do público e a capacidade de adaptação do rádio garantem sua relevância e potencial de crescimento em Anápolis. “Nossa cidade evolui e acompanha as mudanças tecnológicas, mas mantém suas raízes e tradições vivas. O rádio faz parte dessa identidade cultural, pois sempre esteve presente no cotidiano dos anapolinos como um meio confiável de comunicação e entretenimento”, destaca.

Ela também evidencia que a combinação entre inovação tecnológica e a credibilidade construída ao longo dos anos permite que o rádio siga como uma ferramenta essencial para informação, cultura e conexão com a comunidade. “Anápolis mantém um cenário radiofônico diversificado e consolidado, com rádios tradicionais, web rádios e rádios comunitárias. Esse ecossistema fortalece o rádio como um meio acessível e próximo da população, ampliando seu alcance e sua relevância”, salienta Bruna.

Para ela, é fundamental incentivar as novas gerações a manterem o hábito de ouvir rádio, mesmo diante do crescimento das plataformas digitais. “Como uma jovem de 24 anos, vejo a importância de valorizar essa tradição, não como um apego ao passado, mas como um reconhecimento de sua capacidade de reinvenção. O rádio continua sendo um dos meios mais autênticos de informação, cultura e conexão com a comunidade”, finaliza.

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