Economia SETOR PRODUTIVO

Farmácia Popular avança, mas preços defasados afetam indústria

Presidente do Sindifargo alerta sobre preços congelados há oito anos e manifesta preocupação com fim dos incentivos fiscais em 2032

19/03/2025 18h00
Por: Emilly Viana
Foto: Codego
Foto: Codego

A ampliação do programa Farmácia Popular, anunciada pelo governo federal, é vista com bons olhos pelo setor farmacêutico em termos sociais, mas traz desafios econômicos para as indústrias. O presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de Goiás (Sindifargo), Marçal Soares, afirmou, em entrevista ao DM Anápolis, que, embora o programa seja essencial para garantir o acesso da população carente a medicamentos, os preços praticados pelo governo estão defasados há anos.

"Do ponto de vista social, ele é excelente para a população mais carente, aquela população que não tem condições de comprar medicamentos. Outro ponto de vista é o das indústrias, com os preços defasados em torno de oito anos, ou seja, o governo compra medicamentos com preços extremamente defasados, sem reajustes", apontou.

Segundo Soares, as negociações com o Ministério da Saúde para reajustar os valores pagos pelos medicamentos não avançaram. "Tentamos de toda forma, mas não tem jeito. É o preço que o Ministério da Saúde pode pagar, é o orçamento deles e a gente não pode ficar sem atender a população. Nós temos que atender a população, é um programa importante, é um programa que foi feito para durar e essa situação é passageira. Uma hora o governo vai aceitar o reajuste mínimo necessário", afirmou.

O Farmácia Popular passou por mais uma ampliação neste ano, com a gratuidade sobre medicamentos e itens distribuídos chegando a 100%. Antes da medida, 39 produtos já eram oferecidos sem custos para a população. Agora, o número foi ampliado para 41 — que é o total de insumos oferecidos pelo programa. A ausência de reajustes nos preços pagos às indústrias, no entanto, preocupa o setor. "A gente entrega porque a gente tem essa obrigação social também, mas o resultado econômico-financeiro é negativo para todos os medicamentos entregues pela indústria", expôs o presidente do Sindifargo.

Além dos desafios do Farmácia Popular, o segmento também está atento ao futuro da indústria farmacêutica goiana. De acordo com Soares, a principal preocupação do setor é o fim dos incentivos fiscais em 2032, previsto na reforma tributária. "Isso virá com a reforma tributária. Então, a nossa grande preocupação hoje, o nosso principal trabalho é juntar com a Codego, junto ao governo do estado, junto ao governo do município, criar outros atrativos para, primeiro, manter as empresas que aqui estão, e segundo, atrair novas empresas", pontuou.

Considerado um dos principais pólos farmoquímicos do Brasil, o Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia) tem se destacado nacionalmente na produção de medicamentos. De acordo com levantamento da consultoria IQVIA, referente ao ano passado, seis dos dez medicamentos mais vendidos no país são produzidos em Anápolis. Apesar disso, a localização geográfica do estado representa um desafio logístico, já que os principais mercados consumidores estão no Sul e Sudeste. 

"Goiás está no Centro-Oeste, é um estado longe do centro de consumo, como o Sul e o Sudeste, é um estado que tem somente 7 milhões de pessoas, poucos consumidores, e as grandes produções aqui são para os grandes centros consumidores Sul e Sudeste. Então, a gente tem que criar opções, criar atrativos fora do incentivo fiscal para trazer novos investimentos para a nossa cidade", completou.

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