Saúde PREVENÇÃO

Vacina contra herpes zóster pode reduzir risco de demência

Pesquisa sugere benefícios adicionais à saúde cerebral, especialmente para mulheres

05/03/2025 13h00
Por: Janayna Carvalho
Foto: Reprodução
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A vacina contra a herpes zóster, conhecida popularmente como "cobreiro", além de prevenir a doença causada pela reativação do vírus da catapora, pode estar associada à redução do risco de demência. É o que sugere um estudo publicado na revista científica Nature Medicine, conduzido pela Universidade de Oxford.

A pesquisa acompanhou cerca de 200 mil pessoas ao longo de seis anos e revelou que indivíduos imunizados com a versão recombinante da vacina, conhecida como Shingrix, tiveram, em média, 164 dias a mais sem sintomas identificáveis de demência. Os benefícios foram mais expressivos em mulheres, segundo os resultados iniciais.

“Essa vacina é mais uma aliada do processo de envelhecimento saudável. Estudos têm apontado que o impacto positivo do imunizante vai além do benefício direto da prevenção da doença e suas complicações. Estratégias que promovam sobrevida com qualidade são fundamentais no contexto de envelhecimento da nossa população”, afirma a médica infectologista Sylvia Freire.

A herpes zóster é provocada pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo responsável pela catapora. O vírus pode permanecer latente no organismo por anos e ser reativado com o envelhecimento ou devido a fatores que enfraquecem a imunidade, especialmente após os 50 anos.

Os sintomas incluem dor intensa, coceira, formigamento e o surgimento de bolhas na pele, que seguem o trajeto de um nervo. O quadro pode durar de duas a quatro semanas e, em alguns casos, deixar sequelas, como a neuralgia pós-herpética, uma dor crônica que pode persistir por meses ou até anos.

A vacina é indicada para adultos a partir dos 50 anos e é administrada em duas doses, com um intervalo de dois meses entre elas. Também é recomendada para pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como pacientes com HIV, câncer, diabetes ou em tratamento imunossupressor.

“No Brasil, a vacina contra herpes zóster está disponível apenas na rede privada, mas sua eficácia chega a 97%. O esquema de vacinação completo é fundamental para garantir o melhor padrão de resposta imune. Com isso, conseguimos evitar complicações e proteger especialmente os grupos mais vulneráveis à reativação do vírus", destaca a infectologista Sylvia Freire.

A aposentada Maria Rita, de 56 anos, tomou a vacina recentemente e acredita que foi uma decisão importante para sua saúde. "Sempre ouvi falar dos riscos da herpes zóster e conheço pessoas que sofreram muito com a dor e as complicações. Quando soube dos benefícios da vacina, inclusive para a saúde cerebral, decidi me imunizar. É um alívio saber que estou protegida", conta.

Dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), do Ministério da Saúde, via DataSUS, apontam um aumento de 10,6% nas internações hospitalares causadas pelo herpes zóster em 2023, em comparação ao ano anterior. No total, foram registrados 2.600 casos.

A alta nos diagnósticos está diretamente ligada ao envelhecimento da população. Segundo o IBGE, o número de idosos no Brasil cresceu 57,4% em 12 anos. “Com o avanço da idade e o consequente declínio natural do sistema imunológico, torna-se essencial adotar estratégias preventivas, como a vacinação, para promover um envelhecimento saudável e reduzir o impacto da doença na qualidade de vida dos brasileiros", finaliza Sylvia Freire.

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