A ex-diretora de Cultura da Secretaria Municipal de Integração, Delvanira Bernardo, lamentou o fim do Arraiana anunciado pelo prefeito Márcio Corrêa (PL) no sábado (22). Ao DM Anápolis, Delvanira afirmou que o evento não é apenas uma festa com grandes shows e que “seu verdadeiro cunho vai muito além disso, pois ele é uma ação profundamente social e solidária, que visa promover a equidade e o apoio à comunidade em situação de vulnerabilidade".
Del ressalta que “as barraquinhas presentes no evento não pertencem a comerciantes individuais, mas são ocupadas por instituições e associações sem fins lucrativos, que utilizam as vendas para gerar recursos que garantem a continuidade do seu trabalho”. E completa: “parte dessas organizações depende dos lucros obtidos durante o Arraiana para sobreviver e continuar oferecendo seus serviços à comunidade.”
De acordo com a ex-diretora de Cultura, a arte local sempre foi valorizada no Arraiana. Portanto, é enganoso afirmar que o festival representava uma subvalorização dos artistas anapolinos em detrimento às grandes estrelas.
“Outro aspecto importante é o palco secundário do evento, onde artistas locais, muitos deles indicados pelo Conselho Municipal de Cultura, têm a oportunidade de se apresentar para um público de até 25 mil pessoas. Para esses artistas, o Arraiana é uma plataforma que permite o fortalecimento de seus portfólios e visibilidade, pois, além da apresentação, eles recebem material profissional – como fotos, vídeos e matérias – que podem ajudar a alavancar suas carreiras”, frisou.
A ex-diretora também comentou sobre os valores dos shows de grandes estrelas. "Muitas pessoas questionam o custo desses shows, sem perceber que, enquanto elas podem pagar para assistir aos seus artistas favoritos, a população de baixa renda, muitas vezes, não teria acesso a esses eventos. O Arraiana oferece a essas pessoas uma oportunidade única de ver e ouvir seus ídolos ao vivo, promovendo a inclusão cultural e proporcionando momentos de alegria e lazer a quem mais precisa", disse.
Ela ressalta que o Arraiana ainda contribui com o fomento da economia local. "Pequenos negócios, como mercearias, salões de beleza, lojas de roupas e outros, se beneficiam diretamente com o evento, gerando vendas e promovendo a circulação de recursos na cidade”, acrescentou.
Depois de organizar seis edições do festival, ela ressalta o legado deixado pelo Arraiana. “Vai além do entretenimento e busca, acima de tudo, oferecer igualdade de oportunidades, apoio às comunidades carentes e visibilidade aos talentos locais. Sem dúvida, é um evento que faz a diferença e deixa um legado positivo na nossa sociedade.”
O anúncio de fim do Arraiana foi feito pelo prefeito durante o Fórum Municipal de Cultura, no Teatro Municipal. Em tom crítico, Márcio justificou a decisão citando os altos custos do evento. “Se gastavam milhões com artistas já consolidados nacionalmente e nossos artistas aqui morrendo à míngua, por isso, este ano não tem Arraiana não”, declarou.
O gestor garantiu que outras iniciativas culturais seguirão na cidade, mas com um formato diferente, priorizando os artistas locais. “Vamos realizar encontros culturais. Apesar das dificuldades, faremos ações voltadas 100% para vocês”, assegurou.