O Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo de Goiás (Sindiposto-GO) classificou como "demagógica" e "impraticável" a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de permitir que a Petrobras venda combustíveis diretamente a grandes consumidores. A medida foi defendida pelo presidente durante evento em Angra dos Reis (RJ), na última segunda-feira (17), como alternativa para reduzir o preço do diesel, gasolina e gás de cozinha ao eliminar intermediários.
Ao justificar a proposta, Lula afirmou que o consumidor tem sido "assaltado" pelos intermediários na cadeia de distribuição de combustíveis. "O povo não sabe que a gasolina sai da Petrobras a R$ 3,04 e que, na bomba, ela é vendida a R$ 6,49. Ou seja, é vendida pelo dobro do que ela sai da Petrobras. Mas, quando sai o aumento, o povo pensa que foi a Petrobras que aumentou", declarou o presidente.
O presidente do Sindiposto, Márcio Andrade, rebateu as declarações e afirmou que a responsabilidade pelo preço elevado dos combustíveis não está nas distribuidoras e nos postos, mas na carga tributária e nos custos operacionais do setor. "É uma fala totalmente demagógica, usada não só por ele, mas por outras autoridades também, durante outros governos, que não mostra a realidade", disse ao DM Anápolis.
O representante do setor destacou que a proposta ignora a estrutura da cadeia de combustíveis no Brasil e a complexidade da composição de preços. "Ele citou somente a questão do preço da Petrobras, que não é o único componente que forma o preço dos combustíveis. Temos que adicionar os biocombustíveis, sem falar no custo dos impostos, que representam aproximadamente uns 34% do valor cobrado no posto. O governo recebe a maior parcela do preço e devolve muito pouco para toda a sociedade", argumentou.
Além da tributação, Andrade ressaltou que a margem de lucro das distribuidoras e postos representa a menor parte da composição do preço, e que os custos operacionais são elevados. "As margens, tanto da distribuidora somada com os postos, são a menor parcela do preço. E essa margem bruta, dela ainda é tirado todas as despesas, pagamento de funcionários, pagamento de todas as despesas de fretes, enfim, não é só lucro do empresário. Uma pequena parcela disso, quando sobra, é que é a lucratividade da empresa", explicou.