O governo de Goiás pretende retomar a gestão do Aeroporto de Anápolis e já articula a rescisão do contrato com a Infraero. A decisão foi anunciada após a estatal comunicar oficialmente, por meio de ofício enviado à Goinfra, que não realizará investimentos na estrutura enquanto não forem resolvidas pendências ambientais. Além da ausência de melhorias, os permissionários foram surpreendidos com a cobrança de tarifas nos mesmos valores praticados em grandes aeroportos do país, como os de São Paulo.
Em entrevista ao Painel DM, o subsecretário de Prospecção e Investimento da Secretaria de Indústria e Comércio (SIC), Leandro Ribeiro, afirmou que a Infraero não cumpriu as expectativas da gestão estadual quanto à operação do terminal e à solução para problemas estruturais. O principal entrave é a pista de cargas, construída sobre um córrego na cabeceira, o que gera um passivo ambiental sem solução viável. “Para resolver, seria necessário desfazer a pista. Isso inviabiliza completamente qualquer investimento futuro”, disse.
A informação vai de encontro com vídeo divulgado pela Infraero, no início da semana, em que o presidente da empresa, Rogério Barzellay, afirma que as obras seguem o planejamento e que a estatal tem compromisso com a ativação do aeroporto. No comunicado, ele garante que a outorga está dentro do prazo e que a equipe técnica desenvolve os projetos necessários. Já o governo estadual sustenta que não há qualquer ação concreta e que a demora compromete a viabilidade da estrutura.
PROBLEMAS
A pista de cargas do Aeroporto de Anápolis foi construída pelo governo estadual como parte da estrutura logística planejada para impulsionar o setor industrial do município. No entanto, o projeto enfrentou entraves ambientais desde o início devido ao aterramento do curso d’água do Córrego Extrema na cabeceira da pista. O impacto dessa intervenção é um dos principais motivos que impedem a homologação do aeroporto para operações de carga.
Desde a federalização do terminal, em julho de 2024, a expectativa era que a Infraero buscasse soluções para os problemas ambientais e estruturais. Entretanto, no ofício enviado à Goinfra, a estatal alegou que não fará nenhum investimento enquanto a questão ambiental não for resolvida.
Além da falta de investimentos, a Infraero começou a cobrar tarifas elevadas dos permissionários. O metro quadrado construído foi fixado em R$ 6,72, e o metro quadrado de área não edificada, em R$ 2,50. Há hangares que terão que pagar até R$ 60 mil por mês.
Para Leandro Ribeiro, a cobrança pode inviabilizar a atividade econômica no aeroporto. “Nenhum hangar em Anápolis arrecada esse valor. A Infraero está cobrando sem ter investido um real na estrutura. Isso faz com que as pessoas parem de trabalhar ali”, avaliou.
A situação levou a Associação dos Permissionários do Aeroporto de Anápolis a acionar a SIC e a Goinfra. Na última terça-feira (4), o secretário de Infraestrutura, Pedro Sales, esteve na cidade e se comprometeu a formalizar o pedido de rescisão do contrato, devolvendo a gestão ao Estado.
Se confirmada a saída da Infraero, o governo estadual pretende manter a operação do aeroporto sob gestão própria, sem cobrança de tarifas dos permissionários e com a continuidade das atividades civis. O terminal gera aproximadamente mil empregos diretos e integra o plano logístico do Estado, que prevê a ampliação da pista para 3 mil metros e a modernização da estrutura.