As recentes medidas comerciais adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trouxeram apreensão ao mercado financeiro global e podem influenciar diretamente as políticas monetárias de diversas economias, incluindo o Brasil. A aplicação de tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá, além de 10% sobre produtos chineses, gera incertezas quanto a uma escalada inflacionária nos Estados Unidos, com potenciais repercussões em países emergentes.
A economista Adriana Pereira, professora e pesquisadora do Curso de Ciências Econômicas da UEG, analisa que, embora as mudanças não gerem impactos imediatos para o mercado brasileiro, o cenário precisa ser monitorado de perto, especialmente por setores estratégicos como o farmacêutico de Anápolis.
Adriana explicou que uma das principais preocupações é a possibilidade de repasse de custos para os consumidores norte-americanos, que pode acabar refletindo indiretamente no Brasil, caso haja necessidade de importação de determinados produtos.
“A imposição de taxas aos produtos do Canadá, México e China pelo governo americano não afeta diretamente os preços dos produtos no Brasil. Dependendo do desenvolvimento da política americana, os produtos que eles adquirem desses países podem se tornar mais caros nos Estados Unidos. Se o Brasil importar produtos dessa lista dos americanos, pode haver um aumento de preços. Caso contrário, não há motivo para preocupação no mercado interno”, afirmou Adriana.
A economista destacou que, se o Brasil for exportador de algum produto que atualmente é enviado aos Estados Unidos por Canadá, México ou China, pode haver um aumento nas vendas externas. Isso abriria uma janela de oportunidade para empresas locais ampliarem seus negócios.
“Como Anápolis é um polo farmoquímico, pode ser que haja um aumento das exportações, ampliando o mercado das empresas do setor, o que pode gerar um aumento do número de empregos e beneficiar a economia local”, analisou Adriana.
Ela ponderou que, apesar da possibilidade de alta nos preços de tecnologias para o setor, em função das tarifas sobre produtos chineses, o Brasil negocia diretamente com a China, o que minimiza os impactos para o polo farmoquímico da cidade.
Quanto ao impacto no bolso dos consumidores anapolinos, Adriana foi enfática ao descartar preocupações imediatas. “Não haverá impactos sobre o preço dos alimentos, bebidas ou bens de consumo, visto que o Brasil não depende desses produtos dos Estados Unidos. O impacto seria sentido muito mais pelos próprios americanos”, explicou.
A economista concluiu reforçando que, embora o cenário global traga incertezas, ele também apresenta oportunidades. Segundo ela, se o Brasil tiver produtos competitivos, poderá conquistar novos mercados.
“Se tivermos produtos para atuar nesses mercados, podemos expandir ou abrir novas frentes no cenário internacional, o que seria um ponto positivo para Anápolis e para o Brasil”, avaliou.