A secretária de Educação de Anápolis, Adriana Rocha, afirmou que a rede municipal tem registrado um aumento expressivo nos casos de ansiedade e depressão entre alunos e professores. Em entrevista ao Painel DM, ela destacou que a Secretaria tem estruturado mecanismos de apoio, mas reconhece que o desafio é crescente.
“Nós temos crianças que apresentam quadro de ansiedade, de depressão, e não levando em consideração o autismo, mas quadro de ansiedade, depressão, crianças. Então, a gente tem lidado com isso cada dia mais. E os professores também, porque também é difícil para eles lidar com toda essa mudança”, avaliou Adriana.
A secretária atribui o crescimento dos problemas de saúde mental a fatores como o impacto da pandemia, que trouxe perdas familiares e afastamento das salas de aula, e o uso excessivo de telas, que tem prejudicado a interação social das crianças. “Hoje, a criança não sai para brincar com a outra criança. Ela fica no celular, nas telas. Isso também tem sido um problema muito sério”, destacou.
A secretária defendeu a restrição ao uso de celulares dentro das escolas, medida prevista desde janeiro deste ano a partir de uma lei federal. “Eu sou a favor porque eu vivo isso nas escolas. O aluno, se você deixar o celular com a criança, ele fica no celular, ele não fica na aula. A tela traz essa dificuldade de aprendizagem da criança, a falta de foco”, pontuou.
Atendimento especializado
A rede municipal conta atualmente com o Atendimento Educacional Especializado (AIE), que envolve uma equipe multidisciplinar de psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, pedagogos e psicopedagogos para acompanhar os alunos. Além disso, o Serviço de Atendimento Municipal ao Deficiente (SEMAD) também presta suporte a crianças com dificuldades emocionais e intelectuais.
Para os servidores, porém, ainda não há um programa estruturado de acompanhamento psicológico. Contudo, a gestão diz pretende implementar um projeto específico para esse público.
“É um projeto do prefeito, e que a gente está abraçando, que é fazer esse atendimento aos servidores. Quando assumi a pasta, foi mostrado para mim o grande número de atestados que temos hoje. Tanto de saúde emocional, quanto mental, e a maioria causada por essa dificuldade de lidar com toda essa diversidade”, detalhou a secretária.
Adriana ressaltou que muitos professores enfrentam dificuldades no dia a dia com alunos que apresentam diferentes necessidades, incluindo autismo e deficiência intelectual, o que gera uma sobrecarga emocional. “Não é só a família, afeta o servidor. Porque não é dar aula, é dar aula junto. Ele tem que preparar uma aula para atender as crianças e atender a cada um desses. Porque, às vezes, na mesma sala eu tenho três, quatro. E cada um com uma especificidade, não é todo mundo igual”, explicou.
Para reduzir essa carga, a Secretaria pretende ampliar a contratação de cuidadores e auxiliares de sala. “Estamos correndo atrás desses profissionais para ajudar o professor. Porque eu não quero meu professor doente”, enfatizou a titular.
*Com colaboração de Lucivan Machado