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Maior alta em quase 30 anos desafia bolso de anapolinos amantes do café

Combinação de fatores internos e externos comandam o aumento do produto e pode levar à redução do consumo do produto

04/02/2025 14h00
Por: Redação
Foto: Marcelo Casall Jr / Agência Brasil
Foto: Marcelo Casall Jr / Agência Brasil

O preço do café no Brasil alcançou níveis recordes em 2025, refletindo uma série de fatores que impactaram tanto os consumidores quanto os produtores. Em janeiro, a cotação média do café arábica atingiu R$ 2.301,60 por saca de 60 quilos, o maior valor registrado em 28 anos, e o café arábica foi negociado a US$ 3,6655 por libra-peso, o maior valor desde 1977. Esses aumentos não se restringem ao mercado internacional, mas têm afetado diretamente o consumo local, o que tem gerado preocupações para quem depende do café no dia a dia.

A alta nos preços é resultado de uma combinação de fatores internos e externos. As condições climáticas adversas, como secas e geadas, afetaram gravemente a produção do grão no Brasil, reduzindo a oferta. Além disso, os estoques globais de café diminuíram, o que gerou uma pressão maior sobre os preços. A demanda internacional também tem sido crescente, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, o que tem levado a uma valorização ainda mais acelerada do café.

Para os consumidores locais, como a anapolina Dinoraci Marcelino, o aumento nos preços tem sido um desafio. “Aqui em Anápolis, sempre compramos café fresquinho, mas com esse preço tão alto, a gente tem que pensar duas vezes antes de comprar a mesma quantidade. Não dá pra negar que a diferença no preço já está fazendo a gente repensar", afirmou Dinoraci que consome café diariamente e sente no bolso o impacto do aumento dos preços.

A elevação nos preços tem afetado principalmente as classes mais baixas, que tradicionalmente consomem grandes quantidades de café. Dinoraci complementa: “É complicado, porque o café é essencial, mas quando os preços vão subindo assim, a gente acaba tendo que cortar um pouco, até mesmo na hora de fazer aquele cafezinho pra receber visita em casa.”

De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a performance brasileira reflete o cenário global, com oferta restrita, o que causa elevação dos preços.

“Grandes produtores, como Vietnã e Indonésia, tiveram safras menores devido a adversidades climáticas. Com o consumo mundial se mantendo aquecido, foi natural o aumento dos preços e o crescimento dos ingressos com nossos embarques”, afirma o presidente Márcio Ferreira.

Com a expectativa de que o aumento continue nos primeiros meses de 2025, o cenário de escassez e alta demanda deve continuar pressionando o mercado. Para os produtores, essa valorização pode ser vista como uma oportunidade, mas também há a incerteza em relação ao futuro, pois as condições climáticas podem continuar a prejudicar a produção.

Café fake

A venda de produtos preparados com "sabor café", mas que não são o tradicional café, tem preocupado a indústria brasileira. O chamado "café fake" ou "cafake" é uma "clara e evidente tentativa de burlar e enganar o consumidor", disse o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, em entrevista à Reuters.

Recentemente, a Abic identificou a venda do pó com sabor café, que pode ser produzido a partir de cascas, palha, folhas, paus ou qualquer parte da planta exceto a semente do café, em Bauru, no interior de São Paulo.

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