A falta de zelo nas informações em torno da entrega dos kits escolares na rede municipal de ensino criou um ambiente de desconfiança e confronto dentro das unidades escolares. A análise é do vereador Alex Martins (PP), professor e ex-secretário de Educação de Anápolis, durante a abertura dos trabalhos na Câmara Municipal nesta segunda-feira (3).
O parlamentar criticou a condução do prefeito na divulgação da aquisição de materiais de uso coletivo, que levou à cobrança de devolução de doações por parte das famílias e à exposição de professores a situações delicadas. "Professores não sabem se recebem esses materiais, que voluntariamente algumas famílias querem dar, e que também presenciaram muitos pais cobrando a devolução desses materiais. [...] Parece que virou uma guerra de contestação do papel dos nossos profissionais", relatou ao DM Anápolis.
Segundo Alex Martins, a situação não apenas confunde as famílias, mas também coloca os professores em uma posição vulnerável, que têm sido alvos de questionamentos e até intimidação. "Presenciei uma situação inesperada de um pai apontando o dedo para um professor. Então coloca as famílias em dúvida e ameaça o nosso profissional. E a gente não precisa ter esse ambiente", opinou.
No dia 18 de janeiro, em um vídeo publicado na rede social, o prefeito Márcio Corrêa (PL) disse aos pais que não comprassem materiais solicitados por escolas e Cmeis e afirmou posteriormente que, já no início das aulas, todos os alunos teriam materiais fornecidos pelo município. Os primeiros kits, no entanto, só foram entregues na semana passada após o governo estadual ceder 13,6 mil materiais para estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, por meio no programa AlfaMais.
Nesta segunda-feira (3), a prefeitura anunciou que fará um mutirão para entregar kits escolares em escolas e CMEIs. A promessa é concluir a entrega até a próxima sexta-feira (07) em todas as unidades.
Reserva técnica
Outro ponto abordado pelo vereador foi a polêmica em torno dos livros armazenados nos almoxarifados da prefeitura. Na última semana, o prefeito Márcio Corrêa esteve no local e disse que o estoque encontrado estava "abandonado". Martins confirmou que os materiais encontrados não estavam deteriorados e fazem parte da chamada reserva técnica, um estoque destinado à reposição em caso de aumento na demanda ou de perdas durante o ano letivo.
"Eu fui de equipe de transição, já fui secretário de início de gestão e sei a situação que eu peguei almoxarifados em outras situações. [..] Mas nós não estamos falando de um material se perdeu, que foi corrompido por chuva, por fogo ou por mofo. Nós estamos falando de materiais que estão embalados e podem ser, sim, colocados à disposição da população, respeitando o que os próprios educadores nacionais falam sobre reserva técnica", pontuou.
O parlamentar destacou que, devido à vulnerabilidade de muitas famílias e à constante movimentação de alunos na rede municipal, é necessário manter um estoque de reposição. "Nós estamos falando de criança, que ao manusear o material, rasga, molha, perde e a gente tem que ter sempre uma reposição para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça verdadeiramente para todas as crianças", frisou.