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Consumidores anapolinos sofrem com alta nos preços das carnes

Com o aumento de 5,81% em outubro, especialistas apontam que os preços das carnes devem continuar elevados até 2026

03/02/2025 15h00
Por: Redação
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil

Nos últimos dois meses, os moradores de Anápolis tiveram de lidar com um aumento significativo nos preços das carnes, refletindo uma tendência de alta que se intensificou no final de 2024. Em outubro, o preço das carnes registrou um aumento de 5,81% em relação ao mês anterior, a maior alta em quatro anos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com o preço das carnes subindo mais que a inflação, as perspectivas para 2025 não são nada animadoras. Especialistas indicam que a alta nos preços pode continuar ao longo de 2025 e até mesmo se estender até 2026, devido a uma série de fatores estruturais que afetam tanto a produção quanto a demanda.

Em entrevista, a consumidora anapolina Juliana Samara expressou sua preocupação com a alta nos preços das carnes. "Com a inflação das carnes, está difícil manter a alimentação da família dentro do orçamento. O aumento é absurdo e a qualidade das opções mais baratas não é a mesma. A gente tem que se virar, procurar alternativas, mas é um impacto real no bolso", afirmou.

Ela relatou que, em sua casa, as compras de carne têm sido mais cuidadosas, com uma maior atenção aos preços e uma tentativa de substituir a carne por outras fontes de proteína quando possível.

Motivos da alta

Entre os fatores de alta, destaca-se o ciclo pecuário, que está em um momento de ajustes após dois anos consecutivos de abates elevados. Este ciclo é caracterizado pela redução da oferta de bois destinados ao abate, o que leva a uma menor disponibilidade de carne no mercado interno. O ciclo pecuário é um fator crítico porque os preços das carnes são diretamente influenciados pela oferta e demanda de bois. Com menos animais disponíveis para o abate, a oferta diminui e, consequentemente, os preços aumentam.

Outro fator importante que tem impactado os preços das carnes no Brasil são as condições climáticas. Secas prolongadas e queimadas prejudicaram a formação de pastos, o principal alimento do boi, afetando a produção e a oferta de carne no país. A falta de pastagem adequada significa que os pecuaristas precisam investir mais em alimentação suplementar para os animais, o que acaba elevando os custos de produção e, por consequência, o preço da carne.

Além disso, o Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, e as exportações têm sido um fator decisivo no aumento dos preços. O aumento das vendas externas, que registraram recordes históricos, tem reduzido a oferta disponível para o mercado interno. Isso ocorre porque, com o aumento das exportações, o Brasil destina uma quantidade significativa de sua produção de carne para atender à demanda internacional, o que naturalmente diminui a quantidade de carne disponível para consumo no mercado interno.

Por fim, a renda e o consumo também desempenham um papel relevante. A queda do desemprego e a valorização do salário mínimo estimularam o consumo de carnes, aumentando a demanda e pressionando ainda mais os preços. O Brasil experimentou uma recuperação econômica em 2024, com o aumento da renda e a estabilidade de alguns setores, o que fez com que muitos brasileiros voltassem a consumir mais carne. Porém, essa maior demanda, aliada à redução da oferta, tem contribuído para o aumento dos preços, tornando a carne cada vez mais cara para o consumidor médio.

O aumento nos preços das carnes tem gerado um impacto direto no orçamento das famílias brasileiras. Cortes populares, como o acém, patinho e contrafilé, que costumavam ser acessíveis para a maioria da população, registraram altas significativas, tornando-se menos acessíveis para uma parcela considerável da população. O consumo de carne, que já representava uma parte significativa da alimentação dos brasileiros, tem se tornado cada vez mais um item de luxo para muitas famílias, especialmente aquelas de classe média e baixa.

Especialistas indicam que os preços das carnes podem continuar elevados em 2025, com a alta possivelmente se estendendo até 2026. Fatores como o ciclo pecuário, condições climáticas e a demanda externa continuarão a influenciar os preços, exigindo atenção contínua por parte dos consumidores e das autoridades responsáveis. O aumento nos custos de produção e a menor oferta interna de carne são indicadores de que os preços não devem cair a curto prazo.

Além disso, o aumento da demanda externa por carne brasileira pode continuar pressionando os preços, uma vez que mercados como China e outros países da Ásia têm se mostrado grandes compradores da carne bovina brasileira.

A valorização do dólar também é um fator que pode continuar impactando os preços das carnes. Com a moeda brasileira mais desvalorizada em relação ao dólar, as exportações se tornam mais vantajosas para os pecuaristas, o que pode reduzir ainda mais a oferta interna de carne. Isso significa que, mesmo com a recuperação da economia interna, o preço das carnes pode continuar em alta, especialmente se a demanda internacional continuar forte.

Opções

Diante desse cenário de preços elevados, os consumidores podem buscar alternativas para mitigar o impacto no orçamento familiar. Uma das principais sugestões é a diversificação de fontes de proteína. A substituição da carne bovina por outras fontes de proteína, como frango, peixe, ovos, ou até mesmo opções vegetais, pode ajudar a reduzir os custos sem comprometer a qualidade da alimentação. Muitas famílias brasileiras, especialmente aquelas de classe média e baixa, têm optado por uma dieta mais equilibrada, incluindo mais leguminosas, como feijão e lentilha, e aumentando o consumo de vegetais e grãos.

Uma alternativa é buscar cortes alternativos de carne, que podem ser mais baratos, como o peito de frango, coxas, carne suína ou até mesmo carnes de menor qualidade, que podem ser compradas em maiores quantidades e usadas em preparações como ensopados e sopas. O mercado de proteínas vegetais também tem crescido no Brasil, e opções como hambúrgueres vegetais e tofú têm sido adotadas por muitas pessoas que buscam economizar.

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