Geral SEU BOLSO

Reajuste do ICMS pode elevar preços dos combustíveis mais do que o previsto

Gasolina e etanol ficarão mais caros a partir do próximo sábado (1º) após alta do imposto aprovada pela Confaz

30/01/2025 12h00
Por: Emilly Viana
Foto: Aglys Nadielle
Foto: Aglys Nadielle

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Goiás (Sindiposto), Márcio Andrade, afirmou que o aumento do ICMS sobre os combustíveis, que entra em vigor no próximo sábado (1º), pode resultar em reajustes superiores a R$ 0,10 por litro, a depender da decisão de cada empresário. Segundo ele, os preços são livres e podem variar de acordo com os custos operacionais e estratégicos de cada posto. 

"Cada empresário pode repassar o reajuste total, parcialmente ou até mesmo segurar o preço, dependendo da situação financeira do posto. Mas também pode acontecer de o reajuste ser maior que R$ 0,10 por litro, porque o preço final não depende só do ICMS. Temos que lembrar que fatores como custo de compra junto às distribuidoras e despesas operacionais impactam na precificação", explicou o líder do segmento. 

A alta do ICMS foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) e estabelece um reajuste uniforme em todos os estados. Com a mudança, a alíquota sobre gasolina e etanol passa de R$ 1,3721 para R$ 1,47 por litro, enquanto o diesel e o biodiesel sobem de R$ 1,0635 para R$ 1,12. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a estimativa inicial é de um aumento de R$ 0,10 na gasolina e no etanol e de R$ 0,06 no diesel, mas o impacto pode variar conforme a política comercial dos postos. 

Além do reajuste do imposto estadual, Andrade destacou que o setor já vinha enfrentando aumentos desde o início do ano. "A alta do dólar e a entressafra do etanol já pressionaram os preços. Como a gasolina tem 27% de etanol em sua composição, qualquer variação nesse biocombustível também impacta diretamente no preço final", pontuou. 

Outro fator que pode influenciar novos aumentos é a defasagem dos preços praticados pela Petrobras em relação ao mercado internacional. "A Petrobras não tem repassado integralmente a volatilidade do petróleo, mas, em algum momento, precisará ajustar os preços para evitar desabastecimento, principalmente no diesel, que tem 25% de importação no Brasil", reforçou o presidente do Sindiposto. 

Os aumentos sucessivos têm impactado diretamente o consumo. Andrade alerta que a alta nos preços não é vantajosa para os empresários do setor, pois reduz a demanda e aumenta os custos operacionais. "O consumidor tem um orçamento limitado. Quando o combustível sobe, ele precisa cortar gastos, o que leva à retração nas vendas e afeta todo o setor", ressaltou. 

IMPACTO NA CADEIA

O economista Ivo Ferreira avalia que o impacto do reajuste do ICMS será sentido além dos postos de combustíveis. Segundo o especialista, a cadeia produtiva sentirá os efeitos da alta com a pressão sobre a inflação.

"Com o aumento do imposto, aumenta o valor da composição do preço dos combustíveis. Assim, tudo que envolve transporte e logística, maquinários com base a combustíveis, meios de transporte, carros, ônibus, motos, todas essas categorias são afetadas diretamente com esse aumento. Quem produz ou presta serviços, repassará esse aumento aos consumidores finais. Às demais pessoas, terão que abrir mão de parte do seu salário para pagar essa diferença, diminuindo assim seu poder aquisitivo", citou.

Ferreira sugere algumas estratégias para minimizar o impacto no orçamento. "As dicas para quem tem meios de produção ou presta serviços que utilizam dos combustíveis seriam melhorar os processos de trabalho, melhorar logísticas, otimizar máquinas e equipamentos para que trabalhem de forma mais eficiente com menos desperdício", indicou. "Com relação a população, fazer um rodízio de carona ao trabalho, compartilhando o combustível com os amigos. utilizar transportes públicos, que tendem a ser mais em conta, ou até mesmo trocar os veículos a motor e utilizar bicicletas ou fazer caminhadas", completou.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.