A volta às aulas em 2025 traz uma novidade significativa para estudantes e professores de todo o Brasil: a proibição do uso de celulares em salas de aula. A medida, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no dia 13 de janeiro, vale para escolas públicas e particulares. No entanto, os dispositivos ainda podem ser utilizados para fins pedagógicos, desde que sob orientação dos professores.
A decisão tem gerado diferentes reações entre os envolvidos no ambiente escolar. Para alguns, a lei pode auxiliar na melhoria do foco e do rendimento acadêmico. Outros, no entanto, questionam se a proibição é o caminho mais eficaz para lidar com a presença dos celulares na rotina educacional.
Expectativas dos alunos anapolinos
Entre os estudantes, as perspectivas variam de acordo com a experiência prévia de cada um com relação ao uso de celulares na escola. Amanda Kassya, aluna do terceiro ano do Colégio Militar César Toledo, relata que a proibição não representa uma grande mudança para ela: “A rotina no colégio militar sempre foi sem a presença do celular, então eu realmente não sinto falta dele. Já estávamos acostumados a essa regra.”
Já Kethellyn Yasmin, aluna do primeiro ano do Colégio Estadual Gomes de Souza Ramos, destaca que a ausência do celular não tem sido um problema para seu desempenho acadêmico. “Até agora, a ausência do celular não me atrapalhou em nada! Continuo focada nos meus estudos e atividades”, afirma.
A visão da professora Janeide Marçal Chaveiro
Com 29 anos de experiência como professora de História, Janeide Marçal Chaveiro traz uma reflexão mais ampla sobre o impacto da proibição. Para ela, a medida pode ser um instrumento para que os alunos compreendam que a tecnologia, por si só, não é suficiente para promover o conhecimento. No entanto, ela alerta que a escola não deve ser a única responsável por essa conscientização: “Famílias, pais e outros grupos sociais precisam caminhar juntos nesse processo.”
Janeide também destaca que o excesso de informação pode ser prejudicial e que a diferença entre dados e conhecimento precisa ser trabalhada. “O celular é uma ferramenta que traz muitas informações, mas nem tudo que está nele é conhecimento”, observa. “Precisamos fazer essa distinção, assim como no Iluminismo, quando as pessoas buscavam questionar e expandir o saber.”
A professora ressalta, ainda, que acredita mais na conscientização do que na simples remoção dos dispositivos. “Não acredito que tirar o celular melhore a relação interpessoal dos alunos. O importante é conscientizá-los sobre o uso adequado da tecnologia. Mas não existe uma receita pronta para isso”, reflete.
Além disso, Janeide enfatiza que a tecnologia já faz parte da vida dos alunos e que, ao invés de bani-la, seria mais produtivo ensinar seu uso responsável. “O celular pode ser um aliado do ensino, mas precisa ser utilizado com critério. Devemos ensinar os estudantes a diferenciar momentos de estudo e de lazer”, sugere.
Ela também questiona se a proibição, por si só, será suficiente para melhorar a qualidade da educação. “Se o objetivo é melhorar o desempenho acadêmico, precisamos pensar em um conjunto de ações, como a valorização dos professores, o incentivo à leitura e o aprimoramento das metodologias de ensino”, opina.
Por fim, a professora aponta que o avanço tecnológico é inevitável e que a educação precisa acompanhar essa evolução.
“Estamos em uma era digital, e negar isso não é a solução. Precisamos preparar os alunos para um mundo onde a tecnologia estará sempre presente. O desafio é ensinar a usá-la da melhor maneira possível”, conclui.